Acabei de voltar do Hospital São Luiz onde fiz o meu oitavo ultrassom desta gravidez! Pois é, oitavo! O motivo de tantos exames é o excesso de líquido, que precisa ser acompanhado de perto. E, mais uma vez, ele me deixou tensa: estou de 35 semanas e 1 dia de gestação e o líquido bateu na casa dos 25cm, o que já é considerado excesso pelos médicos. Estou com polidrâmnio, nome dado ao líquido acima do normal.
Amanhã cedo falo com o obstetra para saber que rumo tomar. Mais uma noite de ansiedade...
Pra entender melhor o que significa o tal "Polidrâmnio", aí vai um textinho bem explicativo...
O que é Polidrâmnio?
Polidrâmnio, ou hidrâmnios, é o nome técnico para o excesso de líquido amniótico no útero. É algo que ocorre em cerca de 1 por cento das gestações, e pode ter vários motivos. No primeiro trimestre da gravidez, o líquido se acumula a partir do sistema circulatório da mãe. No início do segundo trimestre, o bebê começa a engolir o líquido e processá-lo pelos rins, eliminando-o na forma de urina. O volume total de líquido é reciclado pelo bebê num intervalo de poucas horas (sim, é verdade, o líquido amniótico é basicamente xixi do bebê!). Às vezes, no entanto, o sistema fica desequilibrado por algum motivo, e o líquido pode se acumular ou então diminuir demais (
o oligoidrâmnio), o que pode provocar problemas.
Para que serve o líquido amniótico?
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O líquido amniótico envolve o bebê durante todo o seu desenvolvimento, dentro do saco amniótico, também conhecido como bolsa das águas. Ele serve para: • Amortecer choques e movimentos bruscos. • Impedir que o cordão umbilical seja comprimido, o que prejudicaria o fornecimento de oxigênio para o bebê. • Manter uma temperatura constante dentro do útero. • Proteger o bebê contra infecções. • Permitir que o bebê se movimente, desenvolvendo os músculos e os ossos. • Ajudar na formação do sistema digestivo e respiratório, já que o bebê "inspira" e "expira" o líquido, e o engole, eliminando-o na forma de urina.
Qual é a quantidade ideal de líquido?
O volume de líquido amniótico vai aumentando com o decorrer da gravidez, e costuma chegar à sua quantidade máxima por volta de 34 semanas de gravidez. Nessa altura, você tem entre 800 ml e 1 litro de líquido dentro do útero. Depois disso, o volume vai diminuindo devagar, até o bebê nascer. Quando há polidrâmnio, esse volume pode chegar a até 3 litros.
Como dá para saber quanto líquido tem dentro da barriga?
Para medir a quantidade de líquido, é preciso fazer um ultra-som. Seu médico vai solicitar um se desconfiar que a quantidade de líquido está acima da ideal. O polidrâmnio costuma aparecer por volta da 30a semana de gravidez. Entre os sintomas estão o crescimento muito rápido da barriga, a sensação de pele esticada e brilhante, e a
falta de ar. Você pode ter também dores abdominais, muita
azia,
prisão de ventre, inchaço nas pernas e
varizes. Mas lembre-se de que esses são todos sintomas normais da gravidez, que não indicam necessariamente um problema. A maior indicação de que há excesso de líquido aparece quando o médico mede a sua barriga, nas consultas do pré-natal. Se ela estiver maior que o normal, talvez ele peça um ultra-som. A
ultra-sonografia é capaz de medir a quantidade de líquido em torno do bebê. O ultra-sonografista fará cálculos para chegar ao índice de líquido amniótico (ILA), cujos valores normais ficam entre 5 cm e 25 cm. Quando o ILA está acima de 24 cm, os médicos consideram que há polidrâmnio.
Por que o líquido se acumula demais?
Pode ser difícil identificar a causa, e às vezes ela não chega a ser esclarecida. O problema pode estar na mãe, na placenta ou no bebê. Algumas das possíveis causas dos casos mais severos são: • Quando a mãe tem
diabete, com níveis de açúcar no sangue não controlados, o bebê produz mais urina, o que aumenta o volume de líquido. •
Gravidez de gêmeos, especialmente se eles forem idênticos. • Infecções que afetam o bebê, como
rubéola,
citomegalovírus,
toxoplasmose e
sífilis podem estar associadas ao polidrâmnio. • A
incompatibilidade do fator Rh pode provocar anemia no bebê e causar o problema. • Em 20 por cento dos casos de excesso de líquido amniótico, há um problema congênito no bebê. Pode ser uma obstrução no esôfago, que impede que ele engula o líquido amniótico, uma
fenda labiopalatina ou ainda alguma alteração no sistema nervoso central, no coração ou nos rins. Por isso os médicos examinarão o bebê com atenção num ultra-som detalhado. • Às vezes, o polidrâmnio aparece quando o bebê tem alguma anomalia cromossômica, como a
síndrome de Down ou de Edward. • Em casos raros, há algum problema na placenta ou nas artérias do cordão umbilical. Não se esqueça, porém, de que a maioria das mulheres que apresenta polidrâmnio tem bebês saudáveis, em especial quando a elevação no volume não é tão pronunciada.
O que vai acontecer se eu for diagnosticada com excesso de líquido?
O médico vai investigar se você tem
diabete. Só o controle dos níveis de glicose no corpo já é capaz de reduzir a quantidade de líquido. Você também será submetida a ultra-sonografias para examinar o bebê em detalhe. O obstetra pode pedir outros exames de laboratório para descartar uma infecção. Dependendo da causa do aumento de líquido, o médico pode receitar um remédio que ajude a reduzir a quantidade de urina produzida pelo bebê. Nos casos em que o acúmulo de líquido é muito grande, existe a possibilidade de realizar um procedimento, no hospital, para drenar parte da água. O objetivo é reduzir o risco de
parto prematuro, devido ao tamanho da barriga, e de descolamento da placenta. O problema é que se trata de uma técnica invasiva que também traz outros riscos, como o de infecção e de sangramento. Seu médico vai avaliar junto com você os prós e os contras desse procedimento.
Na maioria das mulheres com polidrâmnio, a recomendação geral é de repouso, para retardar ao máximo o parto.
Há alguma diferença no parto?
Cerca de 20 por cento das mulheres com polidrâmnio acaba tendo um parto prematuro, porque o útero fica muito distendido. É importante ir para o hospital ao primeiro sinal de
trabalho de parto prematuro. Como há muito líquido no útero, aumenta o risco de um pedaço do cordão umbilical sair pelo colo do útero antes do bebê, quando a bolsa romper. Esse incidente se chama prolapso de cordão umbilical, e exige a realização de uma
cesariana de emergência. Outro risco que é maior nos casos de polidrâmnio é de descolamento da placenta durante o trabalho de parto e de hemorragia pós-parto, porque o útero pode ter dificuldade de voltar ao tamanho normal. Por esses motivos, pode ser que os médicos prefiram que você marque uma cesariana, em vez de esperar pelo parto vaginal.