segunda-feira, 29 de setembro de 2014

VILA MAMÍFERA - Menos escola e mais família, por favor!


A seguir um texto meu que foi publicado hoje na sessão "No Quintal", do Vila Mamífera. Abaixo o texto e mais abaixo o link do Vila Mamífera. 


Era um dia como outro qualquer. Rafa, muito feliz, em sua aula de futebol. Na torcida, a mãe a a vó estavam lá para abrilhantar o pequeno craque. Eis que sai um gol… gol do Rafa! A (mini) torcida vibra! O jogador comemora olhando para nós. O clima era de festa e descontração. Fim de jogo. E o pequeno veio se despedir de nós antes de ir pra sala de aula. Eis que um “gigante” em forma de criança surge ao nosso lado… Com o dedo indicador apontado para o nariz do Rafa, cheio de marra, veio a ameaça: “Isso não vai se repetir, Rafael! Você não vai fazer outro gol em mim!”. O silêncio se instalou! Rafa arregalou os olhos e nada respondeu. Eu até tentei um diálogo: “Calma, fulano. Não fala assim. Jogo é assim mesmo. E você foi um bom goleiro. Defendeu muitas vezes…”, eu dizia. Mas foi em vão… o gigante ressurgiu… Olhou fixo nos meus olhos, deu as costas e seguiu seu caminho. Eu e minha mãe ficamos chocadas. O que era aquilo? Um garotinho de quatro anos! Repito, quatro anos ameaçando o coleguinha de sala por causa de uma partida de futebol. Guardei o episódio comigo, naquele momento.
Passada uma semana, Rafa não queria mais ir para escola. E logo ele, que pedia pra ir ao colégio até aos domingos! Tentamos descobrir o que estava acontecendo, mas ele se recusava a falar. Vez ou outra dava algum vestígio de que o tal menino não era seu amigo, que dizia coisas “feias”, que o excluía das brincadeiras e, pior, convencia outros a fazer o mesmo. Tive que levar a questão para o colégio e o retorno que tive era de que o tal aluno era do integral, que estava estressado, cansado por ficar o dia todo na escola e que acabava tendo algumas atitudes erradas no período da tarde. 
Essa história não é novidade aqui em casa. Quatro anos atrás, Matheus passou por uma situação muito parecida. Comecei a perceber que ele chegava em casa com marcas. Um dia era um arranhão nas costas. No outro uma marquinha roxa na perna. Marcas no braço, no rosto e nada de eu descobrir o que estava acontecendo. Matheus apenas dizia que não sabia como tinha feito aquilo. À principio, ok, criança se machuca leve até brincando. Mas as situações ficaram corriqueiras demais. Até que um belo dia veio a gota d´água: um dedo do amigo no olho dele lesionou sua córnea e Matheus ficou mais de 6 horas sem enxergar de um olho. E, somente aí, ele confessou o que vinha acontecendo… Não tinha falado antes por que, apesar de tudo, gostava do bendito. Lá estava eu no colégio para “entender” o que estava acontecendo. E a resposta? Exatamente a mesma que tive agora com o episódio do Rafa. “O fulaninho é do integral, está cansado de ficar na escola o dia todo e quando chega o período da tarde acaba ficando mais agressivo e tendo atitudes erradas”… e blá blá blá… 
Nunca gostei da ideia de colégio em período integral. Mas, claro, sei que muita gente opta por essa alternativa exatamente por não ter outra escolha. Por isso não critico quem realmente precisa que o filho fique no colégio o dia todo. Respeito! Mas convenhamos, criança precisa ser criança. Ela pode ser feliz dentro de um berçário ou colégio o dia todo? Claro que sim. Principalmente se ele oferece uma estrutura de espaço, atividades e profissionais para isso. Mas criança precisa também ter menos compromisso e mais liberdade para ser criança. Acordar sem o relógio tocando todos os dias por que está na hora de sair correndo. Ficar em casa com seus brinquedos, no seu cantinho, no aconchego do seu lar. Ficar até mais tarde de pijama por que pode sim não fazer nada por mais tempo… Tão gostoso ter um tempinho pra almoçar em família, ajudar a preparar os alimentos, participar das conversas, dar risada, ir na padaria a pé para buscar um pão quentinho pro café da tarde…
A correria do dia a dia está transformando crianças em mini-adultos. O moleque precisa entrar às 7h no colégio por que a mãe tem que atravessar a cidade para chegar no trabalho às 8h. E só consegue sair de lá a hora em que a mãe, muitas vezes cansada e estressada, conseguir chegar… E só Deus sabe que horas ela vai chegar, as vezes só depois que escurecer, por que o trânsito estava caótico. O pai, então, ele muitas vezes vê só no final de semana… Por que sai antes dele acordar e chega depois que ele já adormeceu. Que relação esse serzinho tem com a sua casa? Com a sua família?  Pra que ter tantos brinquedos se eles ficam separados o dia todo? Aquele quartinho que foi todo planejado nos mínimos detalhes só é, de fato, dele, na hora de dormir… por que ficaram longe o dia todo. O que estamos fazendo com nossas famílias? Esse é o caminho do progresso? Da ascensão profissional? Essa criança, que mal nasce e já está matriculada num berçário, quando chegar as 10 anos não aguenta mais ouvir falar de escola. E mal sabe ela, que ainda falta muito pela frente… Está cansada, estressada e precisando de terapia para conseguir compreender o que é incompreensível.
Nem todo mundo tem uma avó, uma tia ou uma babá de confiança que possa cuidar do filho por pelo menos uma parte do dia, eu sei. Como disse no início, não estou aqui para julgar ninguém, nem para apontar o dedo no nariz como fez o molequinho lá no futebol… Mas precisamos pelo menos pensar e repensar no que queremos de fato para nossas famílias. Para onde estamos caminhando. E sermos realmente responsáveis pelos nossos atos e pelos nossos filhos. Filhos crescem rápido demais. A vida passa rápido demais. Não adianta, no futuro, olhar para trás e se arrepender do que passou…





http://vilamamifera.com/noquintal/menos-escola-e-mais-familia-por-favor-por-adriana-ramos/



Agradecimento especial ao Vila Mamífera e à Elaine Miragaia pela oportunidade! 



sábado, 27 de setembro de 2014

ARTE - Exposição pode ser sim passeio de criança!

Este texto começa com um pedido. Se você é do tipo de pessoa que acha que criança não curte exposição OU que exposição é um passeio chato para criança, por favor, bote o "pré conceito" no bolso e aí sim continue lendo o que vem a seguir... Garanto que vale a pena!

Matheus atrás de muitos palitos

Essa semana vi as fotos de uma exposição que me chamaram muito a atenção. Trata-se da mostra "Ciclo - Criar com o que temos", que está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, até o dia 27 de outubro. Nela o conceito "ready-made" é o foco. Como artistas contemporâneos do mundo todo reinventam a ideia de apropriação de objetos do cotidiano? A exposição propõe ao público uma reflexão sobre "como um novo olhar sobre objetos comuns pode modificar a experiência do cotidiano, evidenciando que é possível pensar diferente sobre aquilo que parece ser sempre o mesmo". 


E lá fomos nós conhecer a tal exposição nesse sábado nublado. E a experiência foi simplesmente SENSACIONAL. E me fez chegar a algumas conclusões: 






1 - A primeira delas é que muitas vezes os pais "acham" que a criança vai ficar entediada com uma exposição e sequer a levam para conferir sua opinião de fato. 

2 - Criança gosta sim de exposição. Os meus meninos ficaram alucinados enquanto percorriam as diferentes instalações. E o mesmo brilho que eu via nos olhos deles, era visto em outras crianças que estavam no local também com seus pais. 

Os dois brincando com seus próprios movimentos!
3 - Criança se bem orientada sabe sim obedecer e seguir as regras. Em nenhum momento os meninos tocaram nas peças, por que sabiam que não podiam fazer. Claro, um bebê talvez não obedecesse. Mas na idade dos meus (4 e 8 anos) foi super tranquilo. 

4 - Criança faz os comentários mais incríveis que se pode ouvir durante a mostra. São muitas pérolas. Só por isso já vale cada minuto do passeio. 

5 - Cultura pode ser sim um passeio divertido. E criança pode ser feliz também num espaço cultural. Ela não precisa só ir em parques de diversões cheios de eletrônicos para se divertir. 

A mostra é dividida em seis andares. Basicamente em cada um deles há uma ou duas instalações diferentes. 

"Desarme": 6700 armas
transformadas em instrumentos
O quarto andar foi o que mais chamou a atenção dos meninos aqui de casa. Denominada "Desarme", a instalação reúne aproximadamente 6.700 armas confiscadas dos narcotraficantes mexicanos, que foram "transformadas" em 8 instrumentos musicais. Os instrumentos foram uma espécie de banda automatizada, que vez ou outra, repentinamente, começa a emitir sons. É incrível! Ninguém sabe qual irá tocar e em qual momento. É realmente de encher os olhos de crianças e adultos. 

Outras instalações que chamaram muito a atenção foram as que utilizam objetos do cotidiano como copos de plástico, palitos de dente e lâminas de barbear. "Mãe imagina tomar banho numa banheira feita por lâminas? A gente ia sair todo machucado", dizia o Rafa. "Mãeeeeee esse monte de copinhos plásticos parecem dunas de areia, né?", arriscava o Mat. 

Até o enorme e imponente lustre, localizado bem no centro do centro cultural chamou a atenção dos meninos. E, chegando mais perto, dá pra ver que ele é todo feito com milhares de absorventes internos. 
O quarteto reunido!

E tem também instalação interativa. O "Espelho de Lixo número 3", funciona como um espelho composto por centenas de fragmentos de objetos encontrados no lixo. Através de um sistema de automação, ele responde aos movimentos do público. E, nessa hora, a molecada pira, já que percebe que os seus próprios movimentos estão interferindo no movimento da obra. 

E por que valeu tanto a pena o passeio? Por que no final, depois de percorrer toda a exposição recebi um pedido especial dos dois: "Mãe, vamos começar tudo de novo? É muito legal! Não queremos ir embora!"

É, acho que eles realmente gostaram dessa exposição. 

Fica a dica. Passeio gratuito, bacana e divertido em família. 





Nós três e muitos, muitos copos de plástico ao fundo!




Centro Cultural Banco do Brasil - Rua Alvares Penteado, 112. Informações: (11) 3113-3651. Próximo às estações Sé e São Bento do Metrô. Entrada franca. 








sexta-feira, 26 de setembro de 2014

PRIMOS - Os primeiros amigos da nossa infância!

Circula na internet um texto que diz o seguinte: 

"Primos são os primeiros amigos que tivemos na infância. Ninguém nunca irá entender sua família louca como seus primos."

E já que existe dia pra tudo, dizem por aí que hoje é DIA DO PRIMO. 

O fato é que é bom demais ter primo. É amigo na hora da bagunça. É irmão, que mora em outra casa. É cúmplice. É companheiro. Se a idade for próxima então, a "coisa" fica ainda melhor. 

Parabéns pra todos os primos! 

Abaixo uma montagem com os primos da minha família - os meus e os dos meus filhos! 

Amo cada um de vocês! 




quarta-feira, 24 de setembro de 2014

BOLO DE MILHO - Tem criança na cozinha


Ele AMA cozinhar. Se vai continuar assim, só Deus sabe! Mas o fato é que basta colocar o liquidificador ou a batedeira na pia pra ele largar o que está fazendo e fazer um pedido "Posso te ajudar, mãe?". E já corre pro banheiro para lavar as mãozinhas e em seguida puxa o banquinho pra ficar na altura que precisa. E sempre que dá (digo: quase sempre mesmo!), ele assume o comando comigo. 



A receita feita pelo meu "mestre-cuca" dessa vez foi de um delicioso bolo de milho. Detalhe: ele nem gosta tanto assim de bolo, mas como ajudou a fazer, topou experimentar no final e descobriu mais um sabor gostoso na sua vida. Isso sem falar no orgulho de ter ajudado a preparar o lanchinho da tarde da família toda. Ele realmente fica mega feliz nessa horas! 




A receita é de um bolo, mas com textura de pudim. Bem molinho. Bem gostoso e nutritivo. Saboroso para uma sobremesa ou para o lanche da tarde. 


Aí vai a receita do Bolo de Milho do Rafa, para quem estiver com vontade de se arriscar na cozinha. Mas, uma dica: cria coragem e leva a molecada pra cozinha também. O momento é de pura diversão! Vale muito a pena! Atenção somente, claro, com facas e com o forno quente. Lá o Rafa não chega nem perto! E ele sabe disso direitinho.








BOLO DE MILHO DO RAFA

2 latas de milho escorridos 
2 xícaras de leite 
5 ovos
1 vidro de leite de coco
1 xícara de açúcar 
4 colheres (sopa) de margarina 
4 colheres (sopa) de queijo ralado 
4 colheres (sopa) de farinha de trigo 
1 colher (sopa) de fermento 

Bater tudo no liquidificador, menos o fermento. Depois de batido bem, pôr o fermento e misturar à mão. 

Sugestão: Servir com calda de goiabada. 






segunda-feira, 22 de setembro de 2014

MATHEUSZICES - Matheus se expressando e emocionando

Aí, de repente, sem nenhum comentário prévio, Matheus se declara para a psicóloga depois de um mês longe das sessões de terapia: 

"Gi, eu não estava com saudades de nenhum jogo, nenhuma atividade, nenhuma brincadeira. Eu estava morrendo de saudades de você!"

Claro que ele foi agarrado, beijado e encheu os olhos dela de lágrimas. E não só os dela... os meus e o do pai dele, que presenciamos a cena também. 

Lindo de se ver um menino de 8 anos que consegue expressar sem pudor algum seus sentimentos. Que fala "eu te amo" sempre que tem vontade e quando sente verdadeiramente carinho e amor por alguém. 

A doutora Giovana Del Pretti (ou a Gi, para ele) é realmente uma figura especialíssima na vida do Mat (e da família toda). Foi quem "lhe apresentou" uma forma diferente de encarar a vida, especialmente a comida, que era o grande problema dele. Com a ajuda da Giovana, Matheus ficou mais "leve", mais confiante, mais seguro de suas atitudes. Passou a enfrentar a comida com mais naturalidade. Sem tantos medos. Sem tantas aflições. Fala de seus sentimentos com clareza, sem vergonha, sem pudor. 

É apaixonante. É emocionante. 

Obrigada Gi por toda contribuição que você deu (e dá) para o Matheus. E parabéns Matheus por saber tão bem, apesar da pouca idade, expressar seus  sentimentos.  Tá no caminho certo, meninão! 


Matheus - 8 anos! 







domingo, 21 de setembro de 2014

ESPORTE - Hoje foi dia de Corrida Cartoon!

Hoje foi dia de corrida em família: a Corrida Cartoon.  

Uma sinusite acompanhada de uma forte gripe tirou a mamãe da pista. Mas o papai está de parabéns. Assumiu o meu lugar e, em dois momentos, enfrentou a pista e encarou os quilômetros que tinha a sua frente. Rafa correu com a turminha de 4 anos e percorreu 1km. Surpreendentemente correu mesmo o percurso todo (a gente tinha certeza que ele caminharia em alguns trechos!). Mat foi com a turma dos 7 aos 9 anos e mandou bem nos 1,5km. Papai correu 2,5km e conseguiu acompanhar a molecada. 

Foi uma manhã muito gostosa, recheada de diversão. 

O destaque foi o pebolim humano, que deixou os meninos alucinados! 

A seguir uma montagem de como foi a nossa corrida desse ano. 

Até a próxima! 





sexta-feira, 19 de setembro de 2014

AMIZADE - As amigas que os filhos me trouxeram!

Hoje estava pensando o quanto mudou minha vida depois que os meninos nasceram. Mas talvez a maior mudança de todas foi as amizades que surgiram graças à eles. Nunca imaginei que ganharia tantas amigas por causa dos meninos. E não estou falando de "pessoas conhecidas", que se resumem no "oi" e "tchau" diário não. Estou falando de amizade mesmo, de laços fortes, onde há afinidade, companheirismo, troca. Estou falando de ombro amigo, onde eu posso "chorar as pitangas" e ouvir quando é preciso. Estou falando de pessoas que sei que posso contar quando for preciso (e já precisei de várias delas, por isso falo com conhecimento de causa!) e que estou disposta a ajudar de coração. 

Nunca pensei que amizades que começaram no portão do colégio, no vestiário da natação, nas inúmeras festinhas de buffet infantil se tornariam tão sólidas. Que abriria minha casa com o maior prazer do mundo para receber não só o amiguinho deles, mas o pai, a mãe e as vezes até o irmão. Que teríamos tantas afinidades, tantos pontos em comum, tantas dúvidas e certezas com relação à maternidade e à vida. 

Acredito que aprendemos com as diferenças e semelhanças. E nessas relações a troca é muito grande. Concordando ou discordando, contribuímos umas às outras por que o que todas querem no final, é acertar. E nada melhor do que trocar experiências vividas, ouvir conselhos, ter um "outro olhar" sobre o mesmo assunto. No grupo tem de tudo... a desencanada, a avoada, a preocupada, a certinha, a brava e a mais boazinha, não necessariamente nessa ordem! A mãe mais jovem e a mais madura. A que trabalha fora e a que trabalha muito em casa! A mãe de um filho só e a de duas, três "viagens"... 

Sinto-me privilegiada por ter conhecido pessoas tão especiais, que tanto acrescentam e alegram nossas vidas. Matheus tem uma turminha na escola (de filhos e pais também!) muito festeira. E graças às tantas festas que nos encontramos os laços começaram a surgir... As crianças são muito unidas entre si e isso já virou até comentário de professora em reunião de pais. E essa união deles vai pra fora dos muros da escola. Nas férias costumamos programar passeios comuns para eles se encontrarem, um vai à casa do outro quando é possível e assim as amizades foram ficando cada vez mais sólidas e interessantes. Rafael, como já nasceu com esse clima "pronto", se considera o "mascote" da turma. E é apaixonante como os "amigos grandes", como ele mesmo diz, o tratam com tanto carinho e atenção. 

A turminha do Rafa também não fica pra trás. Embora ainda seja novato na escola (mas não da calçada, afinal desde que nasceu vai diariamente buscar o irmão no colégio!), Rafa já tinha alguns amiguinhos de sala antes mesmo de ser um aluno matriculado. E também já me presenteou com algumas amigas queridíssimas, mães de seus amigos, que hoje moram dentro do meu coração. 

Pena de quem não abre seu coração para novas amizades e considera "bobagem" se aproximar dos pais dos amigos de seus filhos. Além de conhecer de perto quem é o "fulano", que seu filho demonstra gostar tanto, você pode descobrir que por trás dele tem uma família incrível, vivendo as mesmas emoções e fase que você, afinal tem um filho da mesma idade. Que pode compartilhar experiências, trocar conselhos, dar força nas horas difíceis e muita gargalhada nos momentos de alegria. 

As amigas de antes, claro, estão guardadíssimas no meu coração. Aliás, tenho algumas especialíssimas, do meu tempo de escola, que o tempo jamais vai nos separar. Mas essas amigas que falo nesse texto foram presentes, que nossos filhos, proporcionaram. A culpa é toda deles! E graças à eles, que são nossos presentes de Deus, ganhamos novas amizades! 

Amigas que os meus filhos me deram! 



Algumas amigas queridíssimas estão fora dessa montagem por que não encontrei fotos na hora. Mas, lembrem-se: vocês estão no meu coração! 





quinta-feira, 18 de setembro de 2014

PÉROLAS DO RAFA - Rafa tirando onda de crítico musical!

Rafael, 4 anos, e seu momento "tolerância zero" (depois de ouvir a música 'Melhor do que ontem', do Capital Inicial:

"Mãeeeee, essa música só fala isso, e repete, repete, repete que hoje vai ser melhor do que ontem. Aiiiii eu já entendi! Precisa repetir tanto a mesma coisa???"




terça-feira, 16 de setembro de 2014

10 Coisas que aprendi com meus filhos!

1 - Que uma palavra vale mais que um tapa. 

Sim, sou da geração "chinelada". Bobeou, apanhou. Respondeu, apanhou. Fez birra, o chinelo cantou. E, embora sempre disse pra mim mesma que com meus filhos seria diferente, cai sim em tentação algumas vezes e apelei pros tapas. E a conclusão que chego, pelo menos da experiência vivida aqui em casa (que fique claro!) é de que não adiantou em nada. Muito pelo contrário. Rafael, o meu rebelde de plantão, começou a ficar cada vez mais agressivo com os gritos e tapas que levava. Na hora, até resolvia. Claro, ele ficava assustado, com medo da mãe e obedecia. Mas aos poucos fui percebendo que seu comportamento estava cada vez pior. Gritava quando queria alguma coisa, levantava a mão pra bater no irmão, começou a ficar irritado por nada. Aí a luz vermelha acendeu: logo eu que queria tanto educar o moleque estava deseducando? Por que o tiro estava saindo pela culatra... Olhei pra mim e vi que Rafael estava sendo meu espelho! Reconheci meu erro e mudei meu comportamento com ele. E a nossa relação também mudou... Claro, sou humana. E as vezes me descontrolo. Ninguém é equilibrada 24 horas por dia, que fique bem claro! Mas hoje o tom agressivo deu lugar para a harmonia e nossa vida está muito melhor. E, para quem não acredita no poder da fala, tente. Temos conseguido resultados fantásticos aqui por meio da conversa... e muita conversa. 


2 - Que um filho não é igual ao outro messsssmo. 

Sim. A afirmação é batida. Mas só quem tem dois filhos ou mais pra saber o real significado disso de fato. Aqui tenho a água e o vinho. Um curte comer e o outro é super seletivo. Um adora cozinhar o outro foge das panelas. Um é mega organizado, o outro é o desorganizado em pessoa. Um expressa seus sentimentos com clareza e profundidade (Mãe, tô com ciúme!), o outro é mais reservado (finge que nem te dá bola...). Um é tirador de sarro, o outro mais sério. Um é louco por animais, o outro é louco por pessoas. Enfim, cabe aos pais saber lidar com as diferenças no dia a dia e respeitar o jeitinho de cada um. 


3 - Que educar não é uma receita de bolo. 

Filho não vem com manual de instrução e educar não é uma receita de bolo. Não acredito em regras. Acredito em conceitos que funcionam mais pra uma determinada família e menos para outras. E, muitas vezes, o que funciona pra um filho, não apresenta o mesmo resultado para o outro. Aí de novo o feeling entra em ação. 


4 - Que precisamos aprender a OUVIR de fato e verdadeiramente nossos filhos 

Quantas e quantas vezes a criança está ali ao nosso lado tagarelando e, nós, fingimos ouvir e apenas respondemos com um "Hum" ou "Ahamm", mas sequer escutamos o que eles disseram? Sim, temos sim o direito de não estar "a fim" de escutar o tempo todo. Mas sejamos honestos. Se coloque no lugar da criança. Quem gosta de se sentir falando sozinho? Ninguém, né? Melhor nessa hora, ser franco, pedir um tempo pro filho, explicar que está ocupada, que está preocupada com alguma coisa, enfim, dizer que naquela hora você não conseguirá dar a atenção que ele precisa. E eles entendem viu... Boto isso em prática aqui sempre que preciso. Antes, eles ficavam chateados (e as vezes irritados) por que percebiam que não tinham a atenção que esperavam... 


5 - Que não adianta encher os filhos de perguntas, pois o retorno virá nas conversas mais espontâneas

Sempre que buscava o Matheus no colégio o enchia de perguntas. "Como foi sua tarde? O que aprendeu? Brincou? Se divertiu? Aprendeu o que de novo?". E o máximo que tinha de retorno era sim, não, bem, bom, mais ou menos. Era frustrante pra mim, que continuava curiosa e incomodada com a falta de interesse dele em falar. Era chato pra ele, que se via questionado, interrogado, as vezes pressionado! A ficha caiu e aprendi essa lição! Claro, que na volta pra casa pergunto se a tarde deles foi boa... e só. O retorno vem deles, aos poucos. As vezes, fico sabendo de alguns episódios que vivenciaram somente alguns dias depois. Sem problemas. O que quero é que eles saibam que podem confiar, desabafar e trocar experiências de vida. Mas quando eles estiverem a fim, sem pressão, sem pressa, espontaneamente. 


6 - Que é preciso respeitar suas escolhas e escutar suas vontades sim. Isso não significa ser subserviente!

Criança precisa de orientação. Não consegue saber o que é melhor pra ela por si só. Mas, convenhamos, não precisa de ditadura nessa relação, né? Matheus, por exemplo, faz natação há 5 anos, desde os 3. Nada como um peixinho. Ama água. Mas cansou. Está de saco cheio. Quer parar. Conversamos ao longo dos últimos meses (até seu plano chegar ao fim) e explicamos pra eles todos os benefícios do esporte. Ele está relutante. Quer realmente dar um tempo nas aulas. Ok. Seu desejo será atendido, mas ele sabe que terá que praticar outro esporte e o escolhido foi o futebol (que ele já faz no colégio e agora quer fazer fora de lá também, numa escolinha). Acredito até que daqui um tempo ele volte, afinal ama água. Mas não quero ter uma queda de braço nesse momento e nem tornar o esporte uma obrigação. Tem que ser uma atividade prazerosa, senão perde o sentido. E, claro, tem situações em que a vontade da criança não prevalece (não dá pra parar de estudar ou interromper um tratamento médico, por exemplo. Aí vai do bom senso e responsabilidade de cada família!). 


7 - Que comer uma "porcaria" de vez em quando não é o fim do mundo. 

Salgadinho de pacote, batata frita, doces, bolacha recheada e refrigerante são conhecidos pelos meninos aqui por "porcaria". Eles sabem que esses alimentos não fazem bem à saúde e, por conta disso não podemos comer todos os dias. Masssss alguns desses itens caíram no gosto deles. E, vez ou outra, escuto um pedido "Faz tempo que não como bolacha recheada, né mãe?". E, de vez em quando, seus pedidos são atendidos. E, como não é corriqueiro logo a vontade é saciada e os outros alimentos tomam seu lugar de destaque novamente... Sem estresse. Sem desespero. Sem neura. 


8 - Que precisamos acreditar na capacidade deles de se relacionar com os outros 

Dia desses minha mãe foi pro parquinho com os meninos e percebeu que o Rafa estava sendo ignorado pelos meninos maiores. E ela voltou furiosa. "Como pode? Não deixavam ele brincar?". Fui entender a história. E percebi que minha mãe estava muito mais incomodada do que o próprio Rafa, que sequer tinha percebido o tal descaso. Aí parei pra pensar quantas vezes a gente (pai e mãe) toma as dores dos filhos para nós e, muitas vezes, nos intrometemos nessas relação infantis. Claro, acredito que os pais devem sim intervir quando há um atrito, uma agressão física ou quando as crianças precisam de uma intermediação. Mas se interferirmos o tempo todo, como eles vão aprender a se relacionar? Como vão se posicionar diante de uma brincadeira? Como vão crescer e adquirir maturidade? Não é largar e "jogar no mundo", mas sim deixá-los caminhar com as próprias pernas e ficar de olho, sem perder de vista... 


9 - Que não devemos ter pressa e seguir tantos manuais e regras ditas como certas. 

Hoje em dia tem regra pra tudo. Idade pra desmamar. Idade para o desfralde. Idade para ir à escola. E por aí vai... É como se seu filho não estiver dentro desses "padrões", ele será excluído da sociedade. Rafael foi pra escola com quase 4 anos. E quantas bobagens ouvi... e por alguns instantes cheguei quase a acreditar... ainda bem que fiquei no quase. E dormir na cama dos pais? Nossa, é quase que um pecado capital! E ficar com o recém nascido no colo por mais tempo? Meu Deus, não poooooode, ele vai ficar mal acostumado! E daí? Hoje meus filhos tem 8 e 4 anos, ninguém quer mais colo e dá uma saudade danada daquela época. Passou. Tudo passa. Ninguém sofreu. Ninguém ficou mais ou menos mimado por isso. Simplesmente passou. E ainda bem que curtimos cada um desses momentos... 


10 - Que a maternidade é a melhor escola prática de amor, troca e alegrias da vida! 
E que conseguimos amar 1, 2, 3, 4 ou quantos filhos tivermos com a mesma intensidade! 






domingo, 14 de setembro de 2014

PÉROLAS - Um espaço no blog só para as pérolas dos filhotes

Nem todo mundo sabe, mas esse blog surgiu à princípio para registrar as pérolas que ouvíamos do Matheus durante a gestação do seu irmão, o Rafael. Na época, Mat tinha três anos e quase que diariamente "soltava" comentários hilários sobre o irmão, a gravidez, o seu cotidiano e a vida. Como minha memória é péssima e eu tinha certeza que passados alguns anos esqueceria metade (ou mais) do que ele dissera, resolvi criar um espaço para registrar esses comentários, muitas vezes engraçados, muitas vezes emocionantes, que o meu pequeno dizia. A ideia era que no futuro ele mesmo pudesse entrar em MATHEUSZICES - AS PÉROLAS DO MAT e se deliciar com as coisas que ele mesmo dizia. Rafa nasceu, cresceu e como o irmão (e como toda criança!) também começou a fazer suas graças. Ganhou seu espaço especial no coração da mãe e, claro, no blog também. Em PÉROLAS DO RAFA estão reunidas as histórias e causos do meu pequeno. 

O blog começou como uma espécie de diário de uma mãe de segunda viagem. Aqui eu desabafava sobre as dificuldades e alegrias da segunda gravidez, sobre as manobras pra driblar o ciúme do primeiro filho que começava a surgir, sobre a rotina cansativa de cuidar da casa-trabalho-filho ainda pequeno-gravidez. Não foi fácil. Não é fácil. Mas quem disse que seria? Posso dizer que é recompensador. Matheus está numa fase deliciosa em que começa a demonstrar seus conhecimentos adquiridos, suas aptidões, seus interesses por determinados assuntos. Mas ainda continua soltando suas "pérolas" em nossas vidas. Rafa é mais arteiro, gosta de uma farra, mas esse ano pudemos descobrir um Rafa mais centrado, bom aluno (ontem mesmo recebi elogios da professora sobre o comportamento dele, o que deixou meu coração bem feliz!), com coração bom e humor afiado, o que torna nossos dias ainda mais alegres. 

E, para não perder o costume, a seguir as últimas duas PÉROLAS que os meninos soltaram essa semana por aqui: 


A copa do mundo trouxe uma descoberta pro Matheus. Ele despertou o interesse por geografia. À princípio era somente pelos times que participaram dos jogos. De lá pra cá Mat fez muitas perguntas sobre os países como "Onde fica a Alemanha, mãe?"; "Que idioma falam na Croácia?"; "Como é a vida no Japão, que está tão longe de nós?"; "Por que chamam quem nasceu nos EUA de americano se existem muitos outros países nas Américas?" . Enfim, respondendo, pesquisando, mostrando pra ele novos conhecimentos, ele foi pegando "gosto" pela coisa. Dia desses, enquanto arrumávamos os livros da estante me deparei com o Atlas, que estava meio escondidinho. Matheus na hora o pegou e passou quase uma hora olhando, lendo, voltando páginas. E, vez ou outra, vinha um comentário: "Mãeeeeee, olha como a Croácia é pequenininha!"; "Como a Rússia é grandona!"; "Se eu morasse em Portugal poderia assistir vários jogos do Barcelona... olha como fica pertinho da Espanha!". E por aí ele seguiu... falando que o Japão está longe; que o Uruguai está perto; questionando até o por que da rivalidade Brasil x Argentina se são países vizinhos. Ficou "pirado" em saber algumas capitais de vários países também. Eis que surge a pérola: 

"Mãe, o Afeganistão não é aquele país que tinha muita violência e até homem bomba? Olha também o nome da capital já parece uma explosão: Cabul não parece Cabum (barulho de bomba)?"


Rafa essa semana estava dodói e precisou passar na pediatra. Eis que ela examina daqui, examina dali e veio o diagnóstico: Rafa está com gripe forte. Não é nenhuma infecção, mas precisará tomar alguns remédios. Enquanto a médica prescrevia a receita, ele começa a tossir e, sem pensar duas vezes, diz em alto em bom som: 

"Mãe, não adiantou nada vir aqui. Continuo com tosse!"

A pediatra começou a rir e respondeu: "Poxa Rafa, nem resolvi seu problema, né?"


Mat, Rafa e suas "pérolas" guardadas no blog! 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

ESCOLA - Conhecimento levado pra fora dos muros da escola

Não sou professora. Não sou pedagoga. E, por conta disso, muitas vezes me sinto incapacitada de avaliar com conhecimento de fato se uma escola é boa ou ruim ou se um sistema de ensino é mais forte ou mais fraco que o outro. Converso muito. Faço perguntas para mães com filhos em outras escolas. Mas, no final, o que tenho de retorno é a opinião de pessoas, que, assim como eu "acha" isso ou aquilo. São opiniões pessoais e não com uma base sólida de conhecimento. 
Enfim, diante disso não consigo, no momento, saber se a escola que os meus filhos estudam está dentro dos padrões para o ano letivo de cada um, se é forte ou fraca. O que sei (e isso sei bem) é o retorno que as crianças me dão no dia a dia, quando demonstram o conhecimento adquirido em sala de aula, quando conseguem ter uma linha de raciocínio e pensamento fora dos muros da escola. 
E essa semana Matheus deu um desses retornos... Na terça-feira, enquanto aguardávamos a consulta da pediatra, meu grandão se aproxima da mesa da secretária e puxa conversa com ela. Apontando o calendário que estava sobre a mesa, ele diz: "Esse é 'O Quarto', de Van Gogh!". Percebi que ela ficou com cara de ponto de interrogação e pediu para ele repetir, o que tinha dito. E ele: "Essa obra que aparece no seu calendário chama 'O Quarto" e quem pintou foi Van Gogh", disse. Ela olhou pra mim, deu um sorrisinho de canto de boca, pegou o calendário e leu as letras minúsculas, que diziam: "O Quarto. (1888,1889), de Vicent Van Gogh.". E completou: "Nossa, Matheus. Esse calendário está aqui há tanto tempo e eu não tinha reparado com atenção. Parabéns"
Quando perguntei pra ele, como ele sabia, veio a resposta: "Aprendi na escola mãe. E acho bonito esse quadro. Mas isso já faz um tempo... agora estou aprendendo sobre Leonardo da Vinci. Você reparou que a cara da Mona Lisa é misteriosa? A gente não sabe se ela está sorrindo ou não"
Ponto pra escola. Ponto pro Matheus. 

"O Quarto", de Vicent Van Gogh

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

MATHEUSZICES - Ele tá mal, mas só pensa no futebol!

Ele está com amigdalite. Uma tosse danada. Nariz completamente congestionado e com dificuldade pra respirar. Reclama que o corpo e a cabeça dói muito. Desde ontem está com febre, que chegou perto dos 39,5. E qual é a maior preocupação dele no momento? Arrasado por que vai perder a aula de futebol! Está inconformado! Triste! Parece que o mundo vai acabar... E eu preocupada com a saúde dele... e ele preocupado com o futebol... 



terça-feira, 9 de setembro de 2014

FILHOS DOENTES - A reação de cada um diante da dor!

Mat e Rafa: tão parecidos e tão diferentes! 



Foi aberta a temporada de filhos "dodóis" por aqui. À princípio, nada grave. Rafa está com um resfriado mais forte, nariz congestionado e tosse seca, que se agravam sempre a noite, bem na hora de dormir. Mat desde ontem tem se queixado de forte dor de cabeça, o nariz também começou a trancar e na madrugada teve febre alta. A madrugada foi intensa por aqui. Um chamava daqui. Outro chamava dali. Pega termômetro. Limpa nariz. Acalma um que estava irritado por que não conseguia respirar direito. Abraça o outro, que estava assustado por conta da febre. Dormir ficou pra escanteio. Era apenas um detalhe... e, de cama em cama (sim, dormi na minha, acordei na do Rafa e amanheci na do Matheus) fiquei pensando em como eles, embora tão parecidos em algumas coisas, são tão diferentes em outras. 

Rafa é mais nervosinho. Quando algo não dá certo fica irritado. Quando está resfriado ou com alguma dor fica insuportável, tadinho. Briga com ele mesmo. Se debate. Essa noite, o vilão foi o nariz entupido. Rafa fica furioso. Senta na cama bravo. Chora! Pede socorro! Se pudesse, tenho certeza, arrancaria o nariz e o jogaria fora! Como não é possível fica irritado. Não gosta de tomar remédio ruim (e qual criança gosta?). Dá trabalho pra engolir. Agora, como está maiorzinho, conseguimos, depois de muita conversa, fazê-lo entender de que é necessário. Mas ele reclama. Questiona. Pergunta se não tem outra opção. Não aceita fácil. No final da maratona, estamos exaustos. Ele, por "sofrer" demais. Eu, por cuidar desse ser tão contestador, mas que eu amo de paixão. 

Mat é o oposto. Dono da maior tranquilidade do mundo, costumo dizer que ele "passou" três vezes na fila da calma lá no céu. Mat doente não é de reclamar. Fica amuado. Caidinho. Quer colo. Quer carinho. Mas não é explosivo em momento algum. Diz, claro, onde dói. Mas "curte" a sua dor sem estresse. Sem escândalo. Sem exagero. Essa madrugada, me chamou pra dizer que a cabeça doía. Ele ardia em febre. Dei antitérmico e um banho para esfriar o corpo. Ele pediu para que eu deitasse ao seu lado. E, bem ao seu estilo Mat de ser, disse: "Obrigado por cuidar de mim bem na hora em que você poderia estar dormindo!". Desmontei. Mas não foi exagero ele dizer isso. Mat é assim em sua essência. Mal sabe ele que sono com filho doente é apenas um mero detalhe. Até por que enquanto a febre não abaixa a gente não consegue dormir mesmo. É muita preocupação.

Agora os dois estão brincando no cômodo ao lado. Vez ou outra escuto o Rafa resmungar "Ai esse nariz que não para de escorrer!". E ele mesmo se vira, pega lencinho, limpa o nariz, joga no lixo. Todo independente. Todo decidido. E o Mat responde: "Calma, Rafa. É gripe. Vai passar".  Todo tranquilo. Controlando suas emoções. Juntos um vai aprendendo com o outro a ter mais paciência e a ser mais explosivo, quando preciso for. 







domingo, 7 de setembro de 2014

XADREZ - Um xeque-mate na preguiça!

Mat e o tabuleiro de xadrez: há 4
anos aprendendo a jogar 
Nunca joguei xadrez. Nem sequer tive interesse em aprender. Mas o xadrez invadiu minha vida há quatro anos sem pedir licença. Meu irmão, professor de educação física, é também professor de xadrez na rede pública. E, de mansinho, foi apresentando o tabuleiro e suas peças pro Matheus, que já demonstrava interesse em aprender. Na época, o Mat tinha quatro anos. Ainda falava bem errado. Chamava o peão de pinhão. Cavalo era o pavalo. Bispo, bipo. E a torre era a toe. E, assim, com uma fala de bebezão, sem pretensão nenhuma de ambas as partes, Matheus foi tomando gosto pelo jogo. As aulas não tinham rotina de dia e horário (e não tem até hoje). Não havia cobranças. Não era uma obrigação. Mas Mat queria aprender mais. Sempre que encontrava o tio, o convidava para uma partidinha de xadrez. Outras vezes, era o tio que fazia o convite. Fã incondicional desse tio, muitas vezes pensei que o xadrez era apenas um motivo para o pequeno ficar pertinho do seu ídolo. Mas aos poucos percebi que ele gostava sim do jogo e, claro, unir as duas coisas (companhia do tio + a partida de xadrez) era incrível para ele. 

Há quatro anos tenho um "mini" enxadrista em casa. Ver de perto o seu aprendizado, acompanhar a sua evolução, as estratégias de jogo, as jogadas "ensaiadas" é realmente emocionante. Matheus aprendeu talvez a principal lição do xadrez: jogar com estratégia, pensando na jogada como um todo, com raciocínio lógico. Movimenta uma peça agora, pensando nas próximas jogadas, que fará lá na frente. É puro raciocínio. É muita concentração. É ter controle e domínio da situação. Como pessoa que cresceu longe do tabuleiro, é lindo de se ver. Como mãe de um filho que joga xadrez com tanta dedicação, é emocionante. 

Matheus, 4 anos: começando a jogar xadrez.

Por causa do Matheus aprendi pelo menos o movimento das peças. Mas sou uma adversária fraquinha diante do meu grandão. Ele ganha fácil de mim, mas sempre está querendo ensinar uma nova jogada que aprendeu. O xadrez também despertou no Mat o senso de equipe e de competição. Em campeonatos, aprendeu que é legal ganhar, mas que muita vezes tem que lidar com a perda. Que pode ser sofrida, em algumas situações. Xadrez é lógica. Um minuto de distração pode ser fatal. Exige dedicação e concentração. 


Acredito que o xadrez também contribui muito para o desempenho do Matheus na escola. Ele adora matemática e tem uma certa facilidade com números e raciocínio lógico. Aprendeu a pensar desde cedo para chegar no tão desejado xeque-mate. Fora isso, xadrez demanda concentração, respeito pelo próximo (cada um tem sua hora de jogar) e muita dedicação. 

Rafa, 1 aninho: com o tabuleiro desde bebê.
Será que teremos outro enxadrista por aqui? 

Para falar sobre o xadrez entrevistei dois professores, Altair Ramos, professor de educação física e Patricia Cruz Rodrigues, professora de matemática e xadrez, que lecionam xadrez em suas disciplinas. Confira a seguir: 





1 - Por que você resolveu introduzir o xadrez em suas aulas? 

Altair - Por gostar desse esporte (sim, xadrez é um esporte!), por ter bom conhecimento das regras e dos princípios desse jogo e por considerar todos os benefícios proporcionados por ele. 

Patricia - Na verdade não introduzi nas aulas de matemática, no colégio o xadrez faz parte da grade curricular. É uma matéria com aulas semanais com avaliação trimestral. 



2 - Qual a contribuição que o xadrez traz para o aprendizado da sua disciplina? 

Altair - Com mo tempo consigo notar que o aluno enxadrista se torna mais atento, disciplinado, com um melhor nível de concentração e com respostas mais imediatas do que aqueles que não o praticam. 

Patricia - Ele ajuda muito na concentração, no raciocínio lógico e até na orientação espacial. 



3 - Como são essas aulas? 

Altair - Na expectativa de tentar manter o interesse dos alunos, faço com que 80% da aula seja prática e 20% dela seja teórica. 

Patricia - São aulas dinâmicas, com jogos, competições, sempre em busca de novas estratégias. 




4 - Qual a faixa etária (e série) desses alunos que têm o xadrez na sua grade curricular? 

Altair - Procuro iniciar com crianças de 7, 8 anos (2o ano do ensino fundamental 1) e recebo e continuo treinando-os até chegarem no 9 ano do Fundamental II (15, 16 anos)

Patricia - Entre 11 e 14, do sexto ao nono ano do Fundamental I. 



5 - Como é a resposta dessas crianças em relação ao xadrez? 

Altair - A melhor possível, ou seja, alunos participativos, interessados, felizes, mais educados, mais disciplinados e com auto-estima elevada. 

Patrícia - No início quando inicia ainda estão aprendendo é muito boa, pois a vontade de descobrir coisas novas os empolga bastante. Conforme os anos vão avançando aqueles que gostam muito continuam participando com entusiasmo e dedicação. E, como em todas as matérias, existem aqueles que não gostam e participam só como obrigação. Por isso e necessário propôr sempre novos desafios. 



6 - Os alunos, em geral, se interessam pelo xadrez? 

Altair - A minha realidade é a seguinte: de todos os alunos que tenho nas minhas turmas regulares, todos têm a oportunidade de conhecer o jogo de xadrez, porém, em torno de 30% desses alunos é que demonstram maior interesse em participar da minha turma de treinamento e se aperfeiçoarem mais, participando, inclusive de campeonatos semestrais. 

Patricia - Idem resposta 5. 



7 - O xadrez pode contribuir para aproximar a criança da sua disciplina? 

Altair - Sem dúvida alguma, pois faz parte da minha grade curricular e se trata de um esporte. 

Patricia - Pode contribuir para que tenha maior concentração e assim, por consequência, tenha maior facilidade com a matemática. 




8 - Sabe-se que o xadrez ajuda no raciocínio. Você percebe, em sua vivência com os alunos, essa melhora? 

Altair - Sim. Conforme mencionado anteriormente, observo respostas mais rápidas dos alunos enxadristas e, muitas vezes, melhor desempenho nas aulas de matemática também. 

Patricia - Com alguns alunos há sim uma melhora a longo prazo, principalmente nos casos de alunos que possuem um certo grau de déficit de atenção. 





Agradecimento especial aos professores Altair Ramos e Patricia Cruz Rodrigues.