domingo, 7 de setembro de 2014

XADREZ - Um xeque-mate na preguiça!

Mat e o tabuleiro de xadrez: há 4
anos aprendendo a jogar 
Nunca joguei xadrez. Nem sequer tive interesse em aprender. Mas o xadrez invadiu minha vida há quatro anos sem pedir licença. Meu irmão, professor de educação física, é também professor de xadrez na rede pública. E, de mansinho, foi apresentando o tabuleiro e suas peças pro Matheus, que já demonstrava interesse em aprender. Na época, o Mat tinha quatro anos. Ainda falava bem errado. Chamava o peão de pinhão. Cavalo era o pavalo. Bispo, bipo. E a torre era a toe. E, assim, com uma fala de bebezão, sem pretensão nenhuma de ambas as partes, Matheus foi tomando gosto pelo jogo. As aulas não tinham rotina de dia e horário (e não tem até hoje). Não havia cobranças. Não era uma obrigação. Mas Mat queria aprender mais. Sempre que encontrava o tio, o convidava para uma partidinha de xadrez. Outras vezes, era o tio que fazia o convite. Fã incondicional desse tio, muitas vezes pensei que o xadrez era apenas um motivo para o pequeno ficar pertinho do seu ídolo. Mas aos poucos percebi que ele gostava sim do jogo e, claro, unir as duas coisas (companhia do tio + a partida de xadrez) era incrível para ele. 

Há quatro anos tenho um "mini" enxadrista em casa. Ver de perto o seu aprendizado, acompanhar a sua evolução, as estratégias de jogo, as jogadas "ensaiadas" é realmente emocionante. Matheus aprendeu talvez a principal lição do xadrez: jogar com estratégia, pensando na jogada como um todo, com raciocínio lógico. Movimenta uma peça agora, pensando nas próximas jogadas, que fará lá na frente. É puro raciocínio. É muita concentração. É ter controle e domínio da situação. Como pessoa que cresceu longe do tabuleiro, é lindo de se ver. Como mãe de um filho que joga xadrez com tanta dedicação, é emocionante. 

Matheus, 4 anos: começando a jogar xadrez.

Por causa do Matheus aprendi pelo menos o movimento das peças. Mas sou uma adversária fraquinha diante do meu grandão. Ele ganha fácil de mim, mas sempre está querendo ensinar uma nova jogada que aprendeu. O xadrez também despertou no Mat o senso de equipe e de competição. Em campeonatos, aprendeu que é legal ganhar, mas que muita vezes tem que lidar com a perda. Que pode ser sofrida, em algumas situações. Xadrez é lógica. Um minuto de distração pode ser fatal. Exige dedicação e concentração. 


Acredito que o xadrez também contribui muito para o desempenho do Matheus na escola. Ele adora matemática e tem uma certa facilidade com números e raciocínio lógico. Aprendeu a pensar desde cedo para chegar no tão desejado xeque-mate. Fora isso, xadrez demanda concentração, respeito pelo próximo (cada um tem sua hora de jogar) e muita dedicação. 

Rafa, 1 aninho: com o tabuleiro desde bebê.
Será que teremos outro enxadrista por aqui? 

Para falar sobre o xadrez entrevistei dois professores, Altair Ramos, professor de educação física e Patricia Cruz Rodrigues, professora de matemática e xadrez, que lecionam xadrez em suas disciplinas. Confira a seguir: 





1 - Por que você resolveu introduzir o xadrez em suas aulas? 

Altair - Por gostar desse esporte (sim, xadrez é um esporte!), por ter bom conhecimento das regras e dos princípios desse jogo e por considerar todos os benefícios proporcionados por ele. 

Patricia - Na verdade não introduzi nas aulas de matemática, no colégio o xadrez faz parte da grade curricular. É uma matéria com aulas semanais com avaliação trimestral. 



2 - Qual a contribuição que o xadrez traz para o aprendizado da sua disciplina? 

Altair - Com mo tempo consigo notar que o aluno enxadrista se torna mais atento, disciplinado, com um melhor nível de concentração e com respostas mais imediatas do que aqueles que não o praticam. 

Patricia - Ele ajuda muito na concentração, no raciocínio lógico e até na orientação espacial. 



3 - Como são essas aulas? 

Altair - Na expectativa de tentar manter o interesse dos alunos, faço com que 80% da aula seja prática e 20% dela seja teórica. 

Patricia - São aulas dinâmicas, com jogos, competições, sempre em busca de novas estratégias. 




4 - Qual a faixa etária (e série) desses alunos que têm o xadrez na sua grade curricular? 

Altair - Procuro iniciar com crianças de 7, 8 anos (2o ano do ensino fundamental 1) e recebo e continuo treinando-os até chegarem no 9 ano do Fundamental II (15, 16 anos)

Patricia - Entre 11 e 14, do sexto ao nono ano do Fundamental I. 



5 - Como é a resposta dessas crianças em relação ao xadrez? 

Altair - A melhor possível, ou seja, alunos participativos, interessados, felizes, mais educados, mais disciplinados e com auto-estima elevada. 

Patrícia - No início quando inicia ainda estão aprendendo é muito boa, pois a vontade de descobrir coisas novas os empolga bastante. Conforme os anos vão avançando aqueles que gostam muito continuam participando com entusiasmo e dedicação. E, como em todas as matérias, existem aqueles que não gostam e participam só como obrigação. Por isso e necessário propôr sempre novos desafios. 



6 - Os alunos, em geral, se interessam pelo xadrez? 

Altair - A minha realidade é a seguinte: de todos os alunos que tenho nas minhas turmas regulares, todos têm a oportunidade de conhecer o jogo de xadrez, porém, em torno de 30% desses alunos é que demonstram maior interesse em participar da minha turma de treinamento e se aperfeiçoarem mais, participando, inclusive de campeonatos semestrais. 

Patricia - Idem resposta 5. 



7 - O xadrez pode contribuir para aproximar a criança da sua disciplina? 

Altair - Sem dúvida alguma, pois faz parte da minha grade curricular e se trata de um esporte. 

Patricia - Pode contribuir para que tenha maior concentração e assim, por consequência, tenha maior facilidade com a matemática. 




8 - Sabe-se que o xadrez ajuda no raciocínio. Você percebe, em sua vivência com os alunos, essa melhora? 

Altair - Sim. Conforme mencionado anteriormente, observo respostas mais rápidas dos alunos enxadristas e, muitas vezes, melhor desempenho nas aulas de matemática também. 

Patricia - Com alguns alunos há sim uma melhora a longo prazo, principalmente nos casos de alunos que possuem um certo grau de déficit de atenção. 





Agradecimento especial aos professores Altair Ramos e Patricia Cruz Rodrigues. 

Um comentário:

  1. Nossa nunca passei perto de um tabuleiro de xadrez ......preferia o jogo de damas por ser bem mais facil....kkkk...Parabéns ao Mat pois acredito que o xadrez so vem a contribuir com o deswnvolvimento intelectual do ser humano e Parabéns aos professores por incluirem o xadrez em suas disciplinas

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