Todo mundo diz que uma gravidez é diferente da outra assim como um filho é diferente do outro. E comigo não foi diferente. A gravidez do Rafinha foi completamente diferente da gravidez do Matheus. Mas acho que o que mais marcou essa segunda gestação foram os sustos que levei ao longo desses nove meses. O primeiro deles foi quando um médico infeliz disse que minha gestação de 6 semanas era, na verdade, um aborto retido. Felizmente ele estava redondamente enganado. Os meses passaram, alguns sustinhos surgiram - uma dorzinha aqui, um probleminha alí, um remedinho acolá. Mas o que eu nunca, nunca mesmo em momento algum pensei é que o maior de todos os sustos ainda estava por vir...
Quinta-feira, dia 29 de abril de 2010. Tudo pronto para recepcionar o meu mais novo príncipe. O parto foi tranquilo, embora a mãezona aqui estivesse muito tensa. Tensa por deixar o Matheus pra traz, mesmo sabendo que seria por algumas horas. Tive medo confesso. Medo como nunca tive antes. Tive medo de que algo pudesse acontecer comigo durante a cirurgia, pois sabia que um molequinho de três anos ainda precisa muito de mim...
Enfim, a cirurgia transcorreu normalmente, mais rápida do que imaginava. O Rafinha nasceu, deu seu grito aguuuuuuudo pra vida e eu chorei, acho, mais que ele. Tudo perfeito. Tudo tranquilo. Eu não podia imaginar que aquele momento de glória se transformaria em pânico algumas horas mais tarde...
Embora tenha nascido bem, o Rafael teve um desconforto respiratório ao nascer. Segundo os médicos, ele não reagiu bem à vida fora do útero. Estranhou ter que respirar sozinho e não conseguiu eliminar o restinho de água que ainda estava no seu pequeno pulmão.
Ainda no berçário foi pra incubadoura onde ficou por algumas horas. Foi liberado para o quarto. Foi nosso primeiro encontro depois do centro cirúrgico. Mamou no peito, mas tinha um gemido incomum. Duas horas depois tiraram o pequeno dos meus braços para uma nova avaliação e qual não foi minha surpresa quando disseram que meu pequeno príncipe iria para a UTI. Essas três letrinhas foram um chacoalhão no meu coração. Todo o sonho de ter um filho, toda a expectativa que criamos ao longo dos nove meses de abraça-lo, termos nos braços, no bercinho ao lado da cama foram por água abaixo. Tive medo de novo. Medo da perda, medo do desconhecido, medo de não poder ter o controle da situação. Chorei feito bebê ao nascer. Chorei e senti na hora que o amor que sentia por aquela pequena criatura era intenso como o que sinto pelo meu Matheus.
A rotina quarto-UTI me geraram dores fortes no corte. Aquele sonho de receber visitas, de entregar lembrancinhas, tirar fotos com parentes e amigos, de babar diante do vidro do berçário ficaram pra traz. Da madrugada de quinta-feira até o final da noite de sábado minha rotina era circular pelos corredores do Hospital São Luiz entre o quarto e a UTI neonatal. Vivenciei coisas que nunca imaginei. Vi bebês tão pequenos lutando pela vida como forte guerreiros. Vi mães e pais com rostos cansados, exaustos por passar meses frequentando uma UTI. Meu pequeno de pouco mais de três quilos era considerado do "grandão" da UTI. Tive a dor de quem vê um filho sendo alimentado por uma sonda que levava o leite direto pro estômago por que ele não podia se cansar para mamar. Vi sua minúscula mão ficar rouxinha por causa da agulha do soro. Vi o médico ter que colocar um respirador no seu nariz para ele ter ajuda para respirar. Tive que tirar leite no Banco de Leite do hospital por que meu filhote não podia amamentar. Não foi fácil. Nada fácil. Mas nunca, em momento algum, pensei que isso fosse ficar assim. Tinha certeza que era só um obstáculo, que ele em breve estaria ao meu lado. E graças à Deus meu desejo se realizou.
Rafinha teve alta da UTI na madrugada do domingo e, pela manhã, tivemos todos alta do hospital. Um milagre. Um susto que ficou pra traz. Uma lição de que nunca sabemos o que pode acontecer na vida da gente. Hoje estamos bem, amanhã nem tanto e assim tocamos a vida.
Hoje estou feliz da vida. Rafael está mamando como um bezerrinho. Dorme, chora, gosta de tomar banho morninho. Meu pequeno está ficando mais bochechudo. Dá risadinhas. É agitadinho, curioso, procura sons.
Obrigada Deus por me dar a graça de ser mãe de novo, por me dar um anjinho pra cuidar, por me dar uma família tão linda, com dois filhos maravilhosos e um marido especialmente querido que foi tão parceiro nesse momento difícil. Reginaldo segurou a onda. Chorou. Teve medo também. Mas me ajudou como um verdadeiro parceiro. Obrigada Deus.
Oi Dri, lindo seu depoimento, honesto e comovente. Parabéns por superar o sufoco, por ser guerreira e mãezona! e parabéns também para o Reginaldo, por ser tão companheiro e paizão!
ResponderExcluirSabe, pareceu que eu estava lendo meu diário do pós-parto... Passei por exatamente tudo isso com o Danilo (inclusive eles nasceram com o mesmo peso), com a diferença que o meu pequeno, por ter nascido com 33 semanas, foi direto para a UTI e teve que ficar por 11 dias na incubadora tomando antibióticos. Ele também foi um ratão no meio dos ratinhos da UTI neonatal.
É impressionante a força deles, a vida que carregam, o poder de nos comover, de nos dar certeza de que tudo vai ficar bem.
Que Deus abençoe essa família linda e que o Rafinha seja muito bem-vindo, que traga ainda mais amor e alegrias pra vocês - como já está trazendo.
beijos no coração
com carinho
Ligia
Adri, minha querida, o Rafael é a coisa mais linda e perfeitinha desse mundo! Estou louca para conhecê-lo. Essa semana foi corrida; uma grande amiga da Bahia, morando há 1 ano e meio em Roraima, está aqui. Ávida por tudo o que diz respeito à civilização... rs. E, portanto, me demandando atenção, que estou dando com o maior amor do mundo, é claro. Mas me aguarde, vou te ligar nos próximos dias para ver você, minha querida amiga, a quem admiro e quero tão bem, e à sua cria linda... BEM VINDO AO MUNDO, RAFAEL! Um beijo grande a você, Adri, e PARABÉNS AO MATEUS POR ESTE LINDO IRMÃOZINHO. Beijo a toda linda família. Ana Flávia.
ResponderExcluirDriii!!! Pra que me fazer chorar assim pela manhã de sexta-feira???
ResponderExcluirLindo seu depoimento, linda sua família!!!
Muitos parabéns, querida. Você merece toda essa felicidade.
beijão!