Essa semana circulou nas redes sociais um quadro, uma espécie de tabela cujo título já anunciava sua intenção: "Seu filho pode ajudar em casa!". Dividida em cinco colunas, separadas por faixas etárias, é possível saber o que uma criança consegue fazer e, dessa forma, contribuir nos afazeres domésticos do dia a dia.
À princípio parece bobo, mas a quantidade de amigas, que compartilharam o tal link e até enviaram via mensagem privada, me chamou a atenção. Eu mesma fui uma delas. No primeiro momento corri para as colunas que indicavam as idades dos meus meninos. Vi, entre as indicações, o que eles já fazem em casa com naturalidade e o que eu ainda nem sonhei que eles pudessem fazer. E pensei: "Nossa, eles conseguem fazer isso?". E a ideia ficou martelando na minha cabeça.
Arrumar a cama, por exemplo, é uma delas. Eu arrumo as camas dos dois todas as manhãs. E por que nunca pensei que o Matheus, de 8 anos, poderia arrumá-la? Porque simplesmente é mais fácil e rápido eu mesma tomar a frente da situação. E aí veio a constatação! Quantas coisas privamos nossos filhos no dia a dia só porque queremos nos livrar do trabalhão de ensinar, só por que não temos muitas vezes paciência para esperar, só porque estamos sempre (ou quase sempre) atrasados para algum compromisso, só porque é mais fácil a gente fazer. Comodismo? Pode ser que essa seja sim a melhor definição. Nem sempre, claro, mas muitas vezes.
Lembro que com menos de 2 anos Rafa queria comer sozinho. Aos 3 queria se limpar no banheiro quando fazia número 2. Aos 4 pediu para comer de garfo e faca (sob nossa supervisão, é claro). E eu não queria. E por que? Porque achava que ele não tinha maturidade pra isso. Porque faria muita bagunça. Porque daria um trabalhão. Por sorte comentei isso com a professora dele e, por sorte, ela me deu uma sacudida. "Não negue ensinamentos à ele. Se ele pede é porque tem maturidade pra isso. Porque quer aprender. Fique junto. Ensine. Tenha paciência! Se ele não estiver maduro ainda, vai desistir nesse momento. Mas se pede já um bom sinal de que está preparado", ela disse um dia em uma conversa rápida na calçada do colégio. Bingo! PACIÊNCIA! Era isso. A chave de tudo. E confesso: com paciência ele aprendeu tudo isso. Aliás, não só ele... eu aprendi que com paciência tudo fica mais fácil. Pena que ela não está o tempo todo ao meu lado... a paciência!
Com Matheus não foi diferente. Mais preguiçoso do que o irmão e com menos pressa, Mat também teve seus momentos de "chegou a hora". Quando decidiu que queria aprender a amarrar os cadarços do tênis foi como um furacão. Não contente com o jeito que estávamos ensinando pediu, sozinho, ajuda pra sua fono na época, que prontamente se dispôs a ajudá-lo. Pronto. Aprendeu. Assim foi também quando decidiu que queria tirar as rodinhas da bicicleta. "Pode tirar. Estou preparado", ele disse aos 6 anos. Confiamos nele e na sua segurança. E, depois de um ou outro desequilíbrio, lá estava ele pedalando pelo condomínio sem mais precisar das rodinhas auxiliares. Mas antes de concordarmos bateu sim uma preguicinha básica e veio sim aqueles pensamentos do tipo "Nossa, vamos ter que ficar pra lá e pra cá equilibrando ele na bike!".
O fato é que precisamos sim preparar nossos filhos para a independência. Homem e mulher que "se vira" desde cedo certamente sofrerá menos no futuro. Tirará de letra coisas simples do dia a dia. Certamente alguém dirá: "Mas tudo tem sua hora. Não precisa se apressar! Um dia eles aprendem!". Realmente, a ideia não é antecipar etapas, perder infância, nada disso. É preparar nossos filhos para o futuro, torná-los cidadãos educados e participativos. É ensiná-los a ter AUTONOMIA! Torná-los maduros, seguros e que não sejam dependentes de nada e de ninguém, mas sim parceiros. Além, é claro, de entender que ajudar, contribuir, dividir tarefas faz bem para todos. Lembro quando ensinei o Matheus, ainda pequeno, a dobrar seu pijama e a guardar na gaveta. Para ele, na época, parecia o fim do mundo. Hoje, faz isso com a mesma naturalidade com que escova os dentes e coloca seu aparelho ortodôntico antes de dormir. Simples assim.
Abaixo o tal quadro que inspirou esse post:
Fonte do quadro: Associação para a Igualdade e Direitos dos Filhos
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