sexta-feira, 22 de maio de 2015

BILHETES - Que tal escrever um bilhetinho hoje?

Bilhetes enviados na lancheira dos filhotes. 
Em tempos de tecnologia, onde tudo (ou quase tudo) é digital, on-line e virtual escrever bilhetinhos virou coisa do passado. Cartas então, coisa de outro mundo. Os amigos são virtuais. Os jogos, eletrônicos. Escrever, só no teclado. Caneta e papel nas mãos é quase um ato pré-histórico. Certo? Errado! Há algum tempo redescobrimos aqui a velha e boa cartinha. Aquela mesma, que se escrevia numa folha com pauta (sim, linhas!), que no final se colocava num envelope endereçado a alguém e (pasme!) levava até uma agência dos Correios! (Sim, isso é possível!). E, não tenha dúvidas, esse momento "museu" virou claro uma grande animação por aqui. 


Rafa "respondendo" bilhetinho da
mamãe
A primeira vez que Matheus escreveu uma cartinha foi em 2010, na época com 4 anos. O "destinatário" foi a vó Ivone, que mora três andares abaixo de nós, praticamente nossa vizinha. E foi um barato vê-lo pensando no desenho, pedindo ajuda pra escrever um pequeno texto e selando o envelope. Não preciso nem dizer que a vó, claro, precisou responder a tal cartinha. E exatamente como manda o figurino. Também levou a carta numa agência dos Correios para chegar selada e carimbada até o neto. 

Dia desses Matheus reencontrou a tal cartinha que recebeu da avó, em 2010. E, como todo bom canceriano, ficou emocionado com as palavras ali escritas. Terminou de ler em voz alta, olhou pra mim com os olhos marejados de lágrimas e disse: "Vou escrever uma nova carta para a vó. Me leva nos Correios depois?". E lá foi ele para sua bancada, lápis e papel nas mãos, escrever para a vó. 

Não demorou muito para ele receber um companheiro na empreitada. Quando Rafa entendeu o que o irmão ia fazer já arrastou uma cadeira, pediu papel e começou a "desenhar" a sua carta. No final disse assim: "Mãe, escreve o que eu vou falar... direitinho, viu". E assim, sua pequena carta ficou pronta. 


Meninos na frente da agência dos Correios
Aproveitamos uma saída até a farmácia para esticar um pouquinho e levar as duas cartas até os Correios. "Quanto tempo leva pra essa carta chegar até a minha vó?", perguntou Matheus, ansioso para a funcionária. Três dias! Três loooooooooongos dias, que eles contaram hora a hora, afinal seria uma surpresa, pois a vó não sabia de nada! 

Adoro esses momentos. É o tipo de brincadeira que traz vários benefícios. Estimula a escrita, faz pensar no uso das palavras mais adequadas, contribui para o senso de organização (onde desenhar? onde escrever? como preencher todo aquele espaço vazio do papel da melhor forma possível?), tem um forte apelo emocional e afetivo, afinal ele pensa em uma pessoa querida para quem escrever a tal cartinha, escolhe os adjetivos mais apropriados. É um momento de aprendizado, de prática da escrita e também um gesto de amor. A pessoa que vai receber, por sua vez, ganha uma cartinha recheada de carinho. São momentos e situações que ficam na memória, pra vida toda. 
Duas cartinhas: Matheus (esquerda) e Rafael (direita)
para a vó Ivone! 







BILHETINHOS

E não precisa ir tão longe e nem escrever longas cartas. Aqui somos adeptos dos bilhetinhos há muito tempo. Vez ou outra Matheus é surpreendido com um bilhetinho na lancheira, no estojo, dentro do caderno. Em véspera de uma prova mais difícil, ia um um incentivo no estojo do tipo "Boa prova! Você está preparado!". Ele, por sua vez, já me pegou de surpresa ao deixar pequenos bilhetes no notebook, na porta da geladeira, no quadro branco, no criado mudo. Rafa embora ainda não saiba escrever também deixa esporadicamente seus desenhos em forma de bilhetes em algum cantinho especial. A primeira vez que recebeu um bilhete meu junto com o lanche na escola ficou surpreso e pediu para a professora ler. A resposta, escrita por ela, veio no mesmo dia. Na saída da escola disse: "Mãe, adorei a surpresa junto com o lanche!", seguido de um abraço apertado. 

Gestos simples, que não tomam muito tempo e que podem fazer a diferença na correria do dia a dia. Gestos de amor, que contribuem, inclusive, para amolecer corações, sair do comum, surpreender e ensinar, desde cedo, a falar com a voz do coração, a lidar com emoções e a não ter vergonha de expressar sentimentos. 




MAMÃES NO BLOG

Lanchinho com muito amor: Bilhetes de Luciana nas
lancheiras dos pequenos Tauan e Ian
Luciana dos Santos Maia também é adepta dos bilhetinhos. Mãe de Tauan, 5, e Ian, 3, ela conta que começou a enviar bilhetinhos para os filhos quando seu caçula passava por uma fase mais rebelde. "Eu tive dificuldades em lidar com a situação, então resolvi dar mais amor que o normal, lembrar ele do quanto eu o amava e desejava que fosse um bom menino", relembra. E, assim, começaram os bilhetinhos enviados na lancheira, junto com o lanche da escola. "Claro que fiz os bilhetes para os dois. O Tauan, mais velho é super amoroso e ficou feliz e orgulhoso. Se sentiu privilegiado e usou o mesmo bilhete para retribuir o agrado. O Ian, o caçula, disse com tranquilidade que gostou, que foi legal. Mas como um grande ciumento que é se apegou a tentar entender porque o desenho dele era diferente do desenho do irmão", diz. "Gosto de bilhetes. Faço sempre desenhos para eles em um imã de geladeira de recados, que temos em casa", finaliza. 
Resposta de Tauan ao
bilhete da mãe! 
Luciana, Tauan e Ian: amor
registrado nos bilhetes







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