Bilhetes enviados na lancheira dos filhotes. |
Rafa "respondendo" bilhetinho da mamãe |
Dia desses Matheus reencontrou a tal cartinha que recebeu da avó, em 2010. E, como todo bom canceriano, ficou emocionado com as palavras ali escritas. Terminou de ler em voz alta, olhou pra mim com os olhos marejados de lágrimas e disse: "Vou escrever uma nova carta para a vó. Me leva nos Correios depois?". E lá foi ele para sua bancada, lápis e papel nas mãos, escrever para a vó.
Não demorou muito para ele receber um companheiro na empreitada. Quando Rafa entendeu o que o irmão ia fazer já arrastou uma cadeira, pediu papel e começou a "desenhar" a sua carta. No final disse assim: "Mãe, escreve o que eu vou falar... direitinho, viu". E assim, sua pequena carta ficou pronta.
Meninos na frente da agência dos Correios |
Adoro esses momentos. É o tipo de brincadeira que traz vários benefícios. Estimula a escrita, faz pensar no uso das palavras mais adequadas, contribui para o senso de organização (onde desenhar? onde escrever? como preencher todo aquele espaço vazio do papel da melhor forma possível?), tem um forte apelo emocional e afetivo, afinal ele pensa em uma pessoa querida para quem escrever a tal cartinha, escolhe os adjetivos mais apropriados. É um momento de aprendizado, de prática da escrita e também um gesto de amor. A pessoa que vai receber, por sua vez, ganha uma cartinha recheada de carinho. São momentos e situações que ficam na memória, pra vida toda.
Duas cartinhas: Matheus (esquerda) e Rafael (direita) para a vó Ivone! |
BILHETINHOS
E não precisa ir tão longe e nem escrever longas cartas. Aqui somos adeptos dos bilhetinhos há muito tempo. Vez ou outra Matheus é surpreendido com um bilhetinho na lancheira, no estojo, dentro do caderno. Em véspera de uma prova mais difícil, ia um um incentivo no estojo do tipo "Boa prova! Você está preparado!". Ele, por sua vez, já me pegou de surpresa ao deixar pequenos bilhetes no notebook, na porta da geladeira, no quadro branco, no criado mudo. Rafa embora ainda não saiba escrever também deixa esporadicamente seus desenhos em forma de bilhetes em algum cantinho especial. A primeira vez que recebeu um bilhete meu junto com o lanche na escola ficou surpreso e pediu para a professora ler. A resposta, escrita por ela, veio no mesmo dia. Na saída da escola disse: "Mãe, adorei a surpresa junto com o lanche!", seguido de um abraço apertado.
Gestos simples, que não tomam muito tempo e que podem fazer a diferença na correria do dia a dia. Gestos de amor, que contribuem, inclusive, para amolecer corações, sair do comum, surpreender e ensinar, desde cedo, a falar com a voz do coração, a lidar com emoções e a não ter vergonha de expressar sentimentos.
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