terça-feira, 17 de junho de 2014

Uma queda, um galo, um susto, uma certeza: como somos vulneráveis!

Quarta-feira, 11 de junho. Meu telefone toca, exatamente 1 hora depois que deixo o Matheus na escola. O visor do celular mostrando o nome do colégio já deixa um friozinho na barriga. Nos míseros segundos que levo o telefone ao ouvido, um gelo toma conta da barriga. Os dois filhos estavam no colégio. Ligação vinda de lá, naquele momento, era sinal de que algo havia acontecido. E como mãe só pensa em "tragédia" numa hora dessas, comigo não foi diferente. 

Quarta-feira é o dia favorito do Matheus. É o dia da aula de futebol! Ah, como ele ama futebol... Na terça a noite já começa a escolher a camisa do time que irá usar no dia seguinte... Na semana passada a escolhida foi a camisa do Bayer de Munich. Estava todo orgulhoso. Vestiu a camisa e o calção, escolheu o meião, ajeitou a caneleira, calçou a chuteira e pronto... se sentiu o craque naquele momento! O sorriso no rosto durante o caminho não negava sua felicidade. "Mãe, se eu fizer um gol vai ser pra você tá?", dizia todo empolgado. E assim, ele entrou pra mais uma aula de futebol. Mas como a vida é cheia de surpresas a gente nem imaginava o que estava por vir... 

A ligação do colégio era a própria professora do outro lado da linha. Levei um susto duplo! Como assim, a professora não estava em sala de aula? Não, não estava... e o meu receio foi confirmado: Matheus tinha caído durante o treino, bateu a cabeça forte no chão e fez um galo master bem pertinho da nuca. "O galo é grande. Ele está chorando e reclamando de dor. Acho melhor vir buscá-lo", dizia ela do outro lado da linha. 

Em menos de 10 minutos eu estava no portão do colégio. E o menino de sorriso largo, que uma hora antes entrou portão adentro foi substituído por um moleque com rosto molhado pelas lágrimas, cara de dor e com um galo do tamanho de uma laranja na cabeça. O abraço foi instantâneo. "Mãe, foi muito rápido. Eu escorreguei na tela. Não consegui me segurar!", tentava explicar para si mesmo o que não tinha explicação. Era uma fatalidade. 

Corremos pro hospital, afinal o galo não era ignorável. Era grande mesmo o danado. E no caminho, a situação foi piorando. Vômito, sonolência, irritabilidade excessiva. Horas depois descobri, pelo próprio médico que o atendeu, que esses três sintomas somados ao galo são sinais de alerta! O atendimento até que foi rápido, principalmente se levarmos em consideração as superlotações dos prontos socorros nessa época do ano. Depois de duas injeções, uma pra dor e outra pra controlar a náusea, ele foi encaminhado para uma tomografia. Havia o risco de sangramento. Mais duas horas depois, o resultado da tomo negava, naquele momento, uma gravidade maior. Por um instante, um alivio. Mas o médico foi enfático. Dizia que as próximas 48 horas eram cruciais e que a qualquer sinal de anormalidade, deveríamos voltar rapidamente ao hospital. E mais, que daqui alguns meses a tomo deveria ser repetida. 

Graças à Deus, até o momento o final foi feliz. Mas o acidente do Mat me fez sentir na pele o quão frágeis e vulneráveis somos. Estamos expostos e suscetíveis a qualquer fatalidade, a qualquer momento. Descobri o real significa do "quem está na chuva é pra se molhar". Mas quando esse susto vem de um filho, é um pouquinho pior... Claro que este não foi o primeiro susto, que passo como mãe. Os dois são moleques, já acumulam vários arranhões, machucados leves, galos e hematomas pra todo lado. Isso sem falar nas "ites" todas, que vez ou outra aparecem em nossas vidas. Mas dessa vez foi diferente. Num piscar de olhos, a felicidade que tomava conta do menino deu lugar para uma total apreensão. O clima descontraído da quadra foi substituído por um box de PS. O professor querido ficou pra traz e diante de nós estava um médico, excelente por sinal, que não escondeu em nenhum momento sua preocupação com o quadro apresentado pelo Matheus. Adrenalina a mil. Nervos à flor da pele. E a certeza de que não estamos livres de nada. Nem nós, nem nossos filhos... Por um instante dá uma vontade de colocá-los dentro de uma redoma de vidro. Assim ficariam intactos. Não correriam riscos. Mas também não seriam felizes. São passarinhos, querem voar... tem sede de descobertas, de novos ares, de aprendizados. E assim, livre, Mat segue seu caminho... 

Amanhã, é quarta-feira e, adivinha? É dia de futebol. E, como hoje é terça, Matheus já escolheu a camisa que vestirá amanhã: da seleção brasileira. Simples assim, sem traumas, sem medos, mesmo que o galo gigante da semana passada ainda esteja lá, agora pequenininho, na sua cabeça... Por que o importante pra ele é ver a bola rolar... E, para mãe aqui, resta pedir ao anjinho da guarda dele muita, mas muita atenção e que ele seja feliz correndo atrás da redonda... E que esteja livre de sustos maiores... E que meu coração aguente tantas emoções... 

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