sexta-feira, 30 de maio de 2014

VAMOS BRINCAR?

Ontem o Matheus chegou em casa super empolgado. Todo falante, dizia que tinha aprendido uma nova brincadeira na escola. Na verdade, a brincadeira nem tinha sido para a turma dele. Uma turminha mais velha brincava de Batata 1-2-3 e ele, interessado pela novidade, ficou naquele momento como observador. Em casa, enquanto tomava banho, tentou explicar mais ou menos como era a tal batata. E, minutos depois, já de pijama, pôs-se a ensinar, na prática para mãe e irmão as regras do jogo. Em resumo, um jogador fica de costas para os demais, que, juntos vão em direção a ele. Vez ou outra esse jogador olha para trás. O lance é os demais ficarem parados, como uma estátua. Se o jogador que está de costas consegue vir alguém em movimento, este deve voltar pro início do jogo. Vence o que chegar primeiro e tocar nas costas do Batata, ou seja, o que bate caras.

A brincadeira é simples e lembra, e muito, tantas outras que as crianças da minha geração faziam no quintal de casa. O que mais me chamou a atenção foi a reação dos meninos. Eles estavam empolgados, vidrados, concentrados na tal façanha. Riam quando eram pegos em movimento e voltavam para o início do jogo felizes, mesmo que isso significasse uma perda no jogo naquele momento. Felizes por simplesmente brincar. 



O piloto de Formula 1 e sua equipe: improviso e 
muita, muita criatividade na hora da brincadeira


A geração dos eletrônicos, vídeo-games, tablets e joguinhos também gosta de brincar! E de brincar com coisas simples. Pena que isso esteja se perdendo...  Aqui em casa brincadeiras de roda, batata quente, passa anel e até lojinha continuam vivas. O espaço talvez não seja o mais apropriado, mas o improviso faz render um volei adaptado com balão no meio da sala, por exemplo, e a diversão é garantida.  

Mas e os jogos eletrônicos onde ficam? É claro que meus meninos gostam desses games. Afinal, eles vivem nesse mundo em que é mais fácil encontrar alguém preso a um aparelho do que ver um grupinho jogando futebol na praça. O virtual é real em suas vidas! É presente. Mas aqui, eletrônico sempre tem limite... Seja ele uma partidinha de futebol no X-Box. Seja uma competição de corrida no DS. Seja para alimentar o Poh no celular da mamãe... Eles conhecem, eles sabem como mexer (aliás, sabem mais do que os pais, confesso! Parece que essa turminha veio com um chip embutido... aprendem rápido demais...). Mas também sabem que essa deve ser apenas uma parte, pequena, de suas brincadeiras. 

A interação que esses momentos únicos de brincadeiras em família proporcionam é incrível. Vão muito além do jogo em si. Vão além de fortalecer laços de carinho, amor, cumplicidade. Vão além da troca de experiências, de vivência, de conhecimento. É quando os "grandes" e os "pequenos" ficam paralelos, se enxergam da mesma maneira, tiram muita vezes o peso de um dia cheio de trabalho, de problemas não resolvidos, do estresse do dia a dia. E para as crianças tem um gostinho especial, de novas descobertas e aprendizado. 

Uma simples brincadeira pra nós pode virar um grande faz de conta, repleto de fantasias para eles. Acampar na sala, por exemplo, numa sexta-feira a noite para meus meninos é uma aventura, que termina com o aconchego do nosso abraço, na hora de dormir. Eles curtem cada instante. Desde a hora que pensamos onde vamos prender as pontas do lençol que fará a vez da barraca até a escolha da historinha ou do filme que vamos assistir. 


Mat e Rafa: os donos da 
"banca de revistas"!


A assinatura de uma revista infantil, por exemplo, teve várias funções por aqui, que vão muito além da leitura em si. Hoje pela manhã, enquanto eu tomava banho, dois "mini jornaleiros" montaram uma banca de revistas no meio da sala. Assim que abri a porta, escutei um chamado: "Dona Adriana, a banca está aberta!". Fiquei surpresa com a riqueza dos detalhes, que eles pensaram para expor as revistas. Fora as histórias hilárias, que guardarei na memória para sempre... Rafinha, por exemplo, era o "homem do brinde". "Moça, se você comprar três revistas ganha um super brinde: esse carrinho!". Já o Mat, que está na fase de aprender a lidar com dinheiro, somava os valores da minha "compra" e dizia quanto tinha que ser o troco. Eis um exemplo de brincadeira simples, criatividade a mil, aprendizado (matemática à flôr da pele!) e muita, muita diversão! 



A "banca de revistas" montada no meio da sala!










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