quarta-feira, 8 de julho de 2015

NOITE DO PIJAMA - E hoje ele foi dormir fora de casa... pela primeira vez!

Hoje é a primeira noite que o Matheus, meu grandão, dorme fora de casa. Já dormiu algumas vezes na casa da avó, mas dessa vez é diferente, será longe dos parentes e fora da zona de conforto, que fique claro! 


Matheus e outros amigos estão participando das oficinas de férias do colégio onde estudam. Ano passado ele recuou. E, no final, confessou: não quis participar porque não estava seguro em dormir longe de casa. Se arrependeu. Passou o resto do ano dizendo que esse ano iria. E foi. Assim mesmo. Decidido. Confiante. Maduro com a ideia e com a sua decisão. Tão seguro, que acabou repassando essa segurança toda para nós. Chegou a sua hora! E aí cai a ficha: meu filho cresceu de verdade! 

Claro que a SEGURANÇA dele e minha caminham longe da CURIOSIDADE. Queria sim, confesso, ser uma mosquinha para ver toda a farra que eles estão fazendo portão adentro. Queria sim que o ambiente todo tivesse câmeras e que eu pudesse ficar colada na tela do computador xeretando as bagunças que eles estão fazendo agora. E, principalmente, queria muito saber como ele se comporta longe da minha presença. Se você chegou até aqui deve pensar que sou neurótica, né? Não. Juro que não! Só sou mãe! E que atire a primeira pedra quem nunca teve um desejo parecido. 

Delícia ver o crescimento do filho e seu amadurecimento. Mas é curiosa a sensação de cortar de fato o cordão umbilical. Delícia acompanhar seus passos rumo a independência física e emocional. Mas é um misto de alegria e ansiedade. Prender e soltar. Seguir e recuar. Sorrir e chorar. 

Dia desses li um lindo texto da Denise Fraga que falava das experiências que nossos filhos passam e que são longe dos nossos olhos. Em um trecho, ela escreve assim: "Ele não tinha precisado de mim e, o pior, eu jamais veria a tal carinha, o tal sorriso. Meu filho era dela (professora) naquele momento e eu não tinha como saber o que tinha realmente acontecido naquelas horas. Tinha perdido um pedaço do filme que eu via atenta até então. Ponto. Meu filho entrara no mundo". 

Acho que essa é a sensação nesse momento. De ter ido na cozinha beber água e perdido um pedaço importante do filme. Mas no fundo a gente sabe que não vamos conseguir assistir a esse filme 24 horas por dia. E que isso faz parte da vida. E que na hora do reencontro ele virá cheio de histórias pra contar, que falará dos momentos de alegria, de descontração, se algo não foi tão legal, do que vivenciou com os colegas no período em que estivemos longe. Acredito que esse seja o momento de aprender a valorizar o reencontro. É a fase em que não veremos tudo, mas saberemos das vivências que ele passou, que serão contadas por ele mesmo. Imaginaremos o que aconteceu sob o olhar da criança, que obviamente vai escolher um ou outro momento relevante para contar. Outros não saberemos nunca ou quem sabe, bem adiante, quando ele lembrar de falar. E isso é tão surpreendente quanto o presenciar o momento em si. É guardar a tal curiosidade no bolso e curtir o reencontro em si. É sair definitivamente da zona de conforto. 

Comecei a escrever esse texto exatamente algumas horas depois que deixei o Matheus no colégio. Naquela noite (de segunda para terça-feira) minha caixa de mensagem do celular recebeu dezenas de recadinhos de mães-amigas, que me perguntavam como estava meu coração. Foi engraçado. E nessas trocas de mensagens resolvi perguntar para outras mães qual era a sensação delas diante desse momento. O que elas sentiram quando o filho dormiu fora pela primeira vez e quem sofreu mais - mãe ou filho? 




As respostas estão aqui. Sobre o sofrimento foi praticamente unânime. Apenas uma mãe disse que a filha deveria ter dificuldades para dormir, pois está acostumada a ter a mãe por perto. Todas as outras garantiram que os filhos estavam tranquilos e que o sofrimento ficou só pra mamãe mesmo. 


"Minha sensação é de vazio... Meu coração acelera... saía lágrimas dos meus olhos sem estar querendo chorar."

"Perda do controle. Ele pode "sobreviver" sem eu estar por perto."

"Acho que a pior parte, mais do que a preocupação em saber se está tudo bem, se vai sentir fome ou frio é pensar que ele já tem uma vidinha independente da minha. Está vivendo experiências sem que eu possa compartilhar, orientar... Vontade mega de ficar espiando só para ver como ele se comporta longe dos meus olhos." 

"Sensação de impotência total com relação à cronologia do tempo. Ao mesmo tempo que é maravilhoso que eles cresçam, é assustador que eles ganhem independência do afeto de uma forma mais protetora, mais infantil. Essa proteção vai se tornar mais à distância, de uma forma diferenciada..." 

"Senti um vazio imenso, todo tempo livre que sempre desejei eu mal soube o que fazer com ele. A casa em silêncio, tudo organizado... Olhei mil vezes no celular durante a noite achando que alguém ia me ligar." 

"Sensação de que alguma, das várias ligações entre mãe e filho, tinha se rompido. Um caminho que depois de descoberto não tinha mais volta."

"No meu caso ninguém sofreu... ele ficou feliz e eu também... eu sempre gostei de dormir com as amigas na infância. "

"Sensação de quem perdeu algo..."


Esse foi o primeiro. Certamente primeiro de mutos. Mas o reencontro foi delicioso. Como já era de se esperar ele saiu animado, contando várias histórias, empolgado com as brincadeiras. Disse também que foi difícil pegar no sono, mas que depois, conseguiu. E me deu o abraço mais gostoso do mundo de quem sentiu um tiquinho de SAUDADES. 

E para quem achou que a mãe aqui não sobreviveria eu digo: foi tranquilo. E, sim, eu consegui dormir a noite toda! Como disse lá em cima foi o momento dele. Não foi cedo demais. Foi na hora em que ele estava preparado... Estava com pessoas de confiança e em um ambiente familiar e amigo. Foi sim uma experiência bacana para família toda. 





Um comentário:

  1. Que bom que deu tudo certo...o importante é ele estar seguro e feliz com a atitude tomada!!!

    ResponderExcluir