De um ano pro outro as mudanças são claras. Mas nesse último ano, especialmente, acredito que tenha sido a maior de todas as mudanças no corpo do Matheus. Olhando fotos do início de 2017, ainda tinha ali uma criança, começando a ficar com "cara de menino grande". Um ano depois, as vezes me pergunto: "Quem é esse cara deitado na cama do quarto ao lado?"
Exageros à parte, as mudanças foram gritantes. Matheus está praticamente do meu tamanho. Está enorme. Falta muito pouco pra me alcançar. E eu não sou tao baixinha assim, tenho 1.68 de altura. Já não preciso mais olhar pra baixo para encontrar seus olhos. Já não preciso mais me curvar para dar um abraço gostoso. Na verdade, as vezes sinto, que o abraço dele agora é que me acolhe, como se ele me aconchegasse e não como antes, quando eu o embalava.
As mudanças físicas são visíveis. Mais alto, pernas longas, pelos por toda parte. As temíveis espinhas também já deram seu ar da graça como se dissessem assim: "Hello, mãe! Ele já está mais pra adolescente do que pra criança, ta! Se prepara!". A voz também está mudando. E está naquela fase engraçada em que fica um misto de voz grave e aguda, meio sem definição.
Mas tem as mudanças de comportamento também, as psicológicas, aquelas que não estão estampadas no rosto, mas que percebemos no dia a dia. As paqueras, as primeiras desilusões amorosas, os desencontros. Dentro de casa é nítido essa indefinição que é a pré-adolescência. Um misto de criança e adolescente. Um dia ele acha o irmão mais novo muito infantil, bobo, com brincadeiras chatas e quer "ficar na dele". Quer assistir séries da Netflix, não liga pra desenhos animados, gosta de falar sobre Star Wars, Percy Jackson e mitologia grega. No outro, me deparo com um menino enorme jogado no sofá mexendo nos Hot Wheels ou nos soldadinhos de Toy History. Admirada, olho até de novo pra ter certeza de que estou vendo a mesma pessoa, que um dia antes parecia mais maduro do que eu. E aí tenho a certeza de que essa fase de transição é na verdade um turbilhão hormonal e de emoções dentro dele. Se para mim, mãe, é difícil entender. Imagina pra eles, que estão vivendo tudo isso e não conseguem entender ao certo o que está acontecendo.
Dia desses precisei chamar a atenção do Matheus. Ele foi muito grosseiro com o irmão. Disse que queria fazer um determinado passeio só com os amigos, sem a presença do irmão, que era muito pequeno. O caçula, por sua vez, caiu no choro. Sentido, magoado, afinal pra ele é Deus no céu e o irmão na terra. Em seguida, bateu o arrependimento. Ele mesmo percebeu que exagerou e que não precisava ter falado daquele jeito e se desculpou. É claro, que ele pode sim ter seus momentos com os amigos e que não precisa obrigatoriamente carregar o irmão pra cima e pra baixo. Mas há maneiras e maneiras de falar isso sem pisar na cabeça do outro. E é exatamente esse equilíbrio que percebo que falta na pré-adolescência. Esse tato de saber lidar com situações mais delicadas.
Falando em delicadeza, ela se foi e espero que um dia volte. Tenho percebido nessa fase um Matheus mais estabanado do que antes, menos organizado, muito preguiçoso e cansado. Hoje ele acordou dizendo que queria descansar. Oras bolas, mas dormiu 9 horas e não descansou, pensei. Estranho, mas é exatamente assim. Parece um velhinho de 100 anos. Mas chama ele pra um cineminha, uma partida de futebol com os amigos ou uma festa animada. O cansaço vai embora num instante.
Mas essa nova fase tem também suas vantagens. Matheus me ajuda muito nos afazeres da casa. Leva o lixo na lixeira, estende roupa no varal, lava louça do café da manhã, arruma sua cama. Algumas tarefas faz sem ter que pedir. Já sabe que faz parte das suas tarefas na casa. Outras tenta dar um nó e passar batido. As vezes até faço vistas grossas, mas nem sempre, senão vira a festa do caqui. Mas nesse ponto sinto que ganhei um super parceiro disposto a ajudar.
É Mat, meu menino cresceu! E como é lindo poder acompanhar de pertinho seu crescimento e sua evolução. Fico encantada e orgulhosa quando vejo o quão dedicado você é nas coisas que você gosta. Quando vejo você jogar xadrez e percebo o raciocínio que você teve em cada lance dá um orgulho danado. Como pode, penso eu, nasceu outro dia. Quando você se empolga falando de geologia. E quando você me dá uma aula de mitologia grega, que você ama, e fala dos deuses e mitos, fico muito orgulhosa. E também me sinto muito feliz quando você me procura pra tirar dúvidas de língua portuguesa e história e diz que admira o quanto eu me empolgo pra falar desses assuntos, que tanto gosto. É filho, hoje mais do que nunca, trocamos aprendizados um com o outro diariamente. E isso é simplesmente incrível!
Que essa fase linda deixe muitas marcas positivas na sua vida e no seu coração. Que você aprenda a sair de cada saia justa que a vida lhe der e que saiba tirar proveito de cada situação que passar. E, nunca se esqueça, estaremos aqui sempre, pra te ajudar no que for preciso .
Te amo filho. Te amo Mat!
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