terça-feira, 23 de junho de 2015

ALFABETIZAÇÃO - E num passe de mágica, as letrinhas passam a ter sentido!

Lembro como se fosse hoje o dia em que estávamos parados no semáforo e, no banco de trás, Matheus começou a falar pausadamente: "ME-CÁ-NI-CA". Desse jeito mesmo, com acento agudo no "á", meu primogênito leu pela primeira vez espontaneamente uma palavra. A sensação foi deliciosa. Uma mistura de surpresa, alegria, conquista. Era um novo ciclo que começava ali na vidinha dele. Agora ele conseguia "enxergar", de fato, o significado das placas, outdoors e tudo o que queria e via pela frente. O mundo se abria para ele. Ele passava a ter acesso à informação e ganhava, embora ainda não tivesse noção disso, independência! A partir daquele momento ele não precisaria mais da mãe, do pai ou de qualquer adulto para ler uma palavra, uma frase, um texto inteiro. 

Rafa e a lição de casa
A alegria de presenciar esse momento é inexplicável. Lembro até hoje do dia em que eu, então com 7 anos, também dentro do carro, li pela primeira vez a palavra piano, enquanto meu pai passava na frente de uma antiga fábrica de pianos no bairro vizinho. E lembro também da festa que meu pai e minha mãe fizeram dentro daquela Brasilia bege quando a filha caçula leu sua primeira palavrinha. A história se repetiu (e coincidentemente também dentro de um carro!) tantos anos depois. E mesmo estando em papéis diferentes em cada uma das situações (primeiro, eu era a filha; agora a mãe) senti na pele a mesma empolgação sentida pelos meus pais muitos anos antes.

Quando se tem dois ou mais filhos um dos pensamentos que se vem a cabeça é que com o primeiro tudo é novidade, afinal, ele é o primeiro e vivenciará primeiro muitas coisas em sua vida. E isso é fato. E ponto. Mas como a vida surpreende e definitivamente não sabemos de nada do que está por vir, cada ser é único e com ele aprendemos e vivemos novas experiências. E com o Rafa, meu caçula, não poderia ser diferente. 

Rafa está na escola desde o ano passado. Foi com três para quatro anos. Para alguns, tarde para os padrões de hoje. Para mim, cedo para os padrões de antigamente. Rafa, diferente do irmão, não tem tanta pressa. Segue seu ritmo, sem muitas comparações, sem se importar muito com o ritmo de cada um. Fala pouco sobre a escola. Vez ou outra faz algum comentário sobre a aula ou alguma situação que aconteceu na sua tarde. E Rafa está sendo alfabetizado. Vez ou outra reconhece alguma sílaba em algum papel perdido pela casa. Outras vezes "desenha" algumas letras no quadro branco do seu quarto. Dia desses, pela primeira vez, conseguiu ler sozinho a palavra RUA em uma lição de casa. Ficou feliz. Ficamos felizes! Outro dia reconheceu numa revistinha de atividades a palavra PIPA. E, de novo, estampou um sorrisão no rosto como quem diz "Eu tô conseguindo!". E vibramos. E aplaudimos a sua conquista. Sem pressão. Sem pressa. Sem neura. 

Bilhetinho na agenda escrito pela professora
Ontem, Rafa chegou da escola e fez o que costuma fazer todos os dias... tirou o tênis, lavou as mãos, foi de encontro aos seus brinquedos. Não fez nenhum comentário especial. Vida normal. Vida que segue. Mais tarde, abri sua agenda e me deparo com um bilhetinho da professora. Rafa conseguiu ler a palavra FADA espontaneamente. Hoje cedo comentei sobre o bilhetinho e ele sorriu. "Tinha esquecido de te contar. Mas foi muito legal. Meus amigos bateram palmas pra mim. Fiquei feliz", contou. 

Rafa não é o primeiro e nem o último da sala a ler uma palavrinha. Muitas outras crianças certamente já juntaram as sílabas e conseguem ler espontaneamente. O tempo aqui não é o mais importante. A conquista é individual. A alegria também. Olhar um emaranhado de letras e conseguir decifrar o código é sem dúvidas fascinante. Assim como é fascinante apreciar o sorriso do Rafa quando ele consegue "desvendar" qual palavra está escrita por trás daquelas letras juntinhas. 

Rafa está crescendo! Com cinco anos eu e seu pai sequer íamos para a escola. Os tempos são outros. Que as FADAS, as PIPAS o levem sempre para o caminho do bem pelas RUAS da vida. Chegou a hora do Rafa! Podia ter sido antes. Podia ser depois. Não importa. O que importa é que ele está entendendo e compreendendo a essência disso tudo. Rafa está feliz. Acaba de subir mais um degrauzinho e escrever mais uma página dessa história que está só começando chamada VIDA. 

Parabéns, meu príncipe! Delícia poder acompanhar de camarote suas conquistas. 




Meu amorzinho! 


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