sexta-feira, 14 de setembro de 2012

EIS QUE SURGE O MEDO DO BANHO!

Rafinha está mais lindo e serelepe do que nunca. É solto, desenvolto, brincalhão, gosta de se relacionar com as pessoas, enfim, é uma criança que esbanja felicidade e alegria por onde passa.

É raro ele não querer participar de alguma atividade, demonstrar medo por alguma coisa, até por que a vontade de seguir os passos do irmão (digo: imitar!) toma conta da situação na maioria das vezes.

Eis que nos últimos percebemos algo novo no ar... Rafa não quer tomar banho! Isso mesmo. E eu que pensei que fosse ter que lidar com isso lá pelos 8, 10 anos de idade.

Tudo começou quando trocamos o chuveirinho. Ele chorou. E olha que o novo era uma fofura: em formato de pato, todo amarelinho. Mas, ok, ele não curtiu o pato. De repente não é o seu bicho favorito... Voltamos imediatamente para o antigo e... o choro continuou. "Mas Rafa, é o chuveirinho de sempre", insistimos. E a resposta: "Tô com medo. Desliga, mamãe! Não quero tomar banho!", aos gritos.

Os dias foram passando e o choro continua. Um detalhe que deve ser lembrado. Quem decidiu que queria abolir a banheira foi o próprio Rafa antes de completar 2 anos. "Quero igual o Mat. Banho igual o Mat", dizia referindo-se ao irmão mais velho. E assim foi e, confesso, como facilitou a nossa vida.

O banho sempre foi com o chuveirinho, mas sempre sai água do "chuveirão" também. Ainda não conseguimos descobrir qual é o problema: o barulho, a água que sai do chuveiro em grande quantidade (mesmo usando o chuveirinho) ou se ele não curte mais banho precocemente. O fato é que pelo menos duas vezes por dia - manhã e noite - o Rafa tem um encontro marcado com o choro. E olha que a mãe aqui canta, tenta distrai-lo, dá um banho super rápido, mas o choro, pelo menos por enquanto está incontrolável.

As vezes é cômico: "Mamãe só me troca? ", ele pede. Não Rafa, não dá, precisa tomar banho pra sair o cascão, filho!

A notícia boa dos últimos dias é que ele está quase desfraldado. Cocô só no banheiro com o "troninho do Mat". Xixi ainda tem escapadas, mas está no caminho do "bye bye fraldas".

Vamos lá Rafa. Juntos fazer você gostar de tomar banho de novo...


Segue artigo publicado no site da Revista Crescer sobre o assunto:

COLUNISTA

ANNE LISE SCAPPATICCI




Por trás do medo das crianças

Fernando Martinho
Todo mês, vou escolher uma das dúvidas dos leitores para poder dar um espaço maior para alguma coisa que os pais mais indagam. Assim, vamos tentar responder aos assuntos que causam mais ansiedade, perplexidade ou até receio de estar fazendo algo que depois não vai dar certo.

A pergunta deste mês é da Camila Oliveira, de Santo André, SP:

- Tenho um filho de 3 anos e 9 meses, porém tenho grande dificuldade em tirá-lo do banho de banheira. Ele não aceita tomar banho no chuveiro como nós. O que fazer nessa situação, pois acho que com essa idade ele já deveria estar tomando banho como adultos.


As crianças têm muitas vezes medo do chuveiro grande, de adulto, e isso precisa ser respeitado para não criar um problema ainda maior como não querer tomar banho ou algum tipo de fobia (terror pelo banho ou pela água, como acontece com algumas crianças). Esses momentos do banho, da alimentação, do dormir são extremamente importantes porque representam o contato mais íntimo da criança com seu próprio corpo e com sua vida mental.

Na medida do possível, a gente precisa criar uma atmosfera agradável, sem constrangimentos, deixando a criança à vontade sem forçá-la. Freud (primeiro psicanalista) já dizia "o eu corpóreo é o primeiro eu da criança". Ele queria dizer que o corpo no início da vida é o lugar onde ficam as emoções e as relações mais íntimas. Não tendo ainda como representar as experiências ou ainda uma capacidade de abstração, a criança vai formando a sua personalidade partindo do que sente em seu próprio corpo, concretamente.

Por volta dos 3 anos, a criança está vivendo uma série de modificações, novidades e também de limites. O controle dos esfincters (cocô e xixi) assim como o ingresso na escola, dividir a atenção com os colegas, enfim, todo um mundo diferente do mundo do bebê. Quando bebê, ela era o centro das atenções, depois, ela está ingressando num mundo compartilhado. Essa fase precisa ser tratada com muita atenção e delicadeza.

Boa sorte a todos!
Reprodução
Anne Lise Scapaticci é terapeuta e psicóloga infantil, em São Paulo

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