Sou de uma família que adora fotografia. Meu pai, no final dos anos 70 e início dos 80 já cuidava com o maior zelo da sua maquina fotográfica caseirinha. Botava um rolo de filme de 36 poses e ia dando seus clics com cautela. O filme duraaaaaava. E todas as fotos eram muito bem pensadas, afinal não tinha como apagar ou excluir aquela imagem que não gostou. O resultado só veria depois de revelado o filme. A hora de abrir o envelope, lá mesmo no laboratório fotográfico, era emoção pura. E botar as fotos no álbum era trabalho de gente grande. Lembro como se fosse hoje dele escolhendo as fotos que mais gostou, abrindo o plástico do álbum e ajeitando as fotografias cuidadosamente. Aquilo era um tesouro. A história dos filhos e da família estava ali eternizada.
O álbum feito pelo meu pai |
A era digital chegou, os rolos de filme desapareceram e a facilidade tomou conta da situação. Ficou muito mais acessível tirar fotos. Não gostou, apaga na hora. Clicou e já olha se ficou boa. Faz pose daqui, pose dali. Uma foto? Nunca.Várias fotos. Que maravilha! No primeiro ano de vida meus filhos já tinham mais fotos do que eu tive na minha infância inteira.
Evolução linda. Perfeita. Maravilhosa. Não fosse por uma questão: onde armazenar tanta fotografia? Aqui em casa tudo ficava no computador. Quando Matheus era pequeno (hoje ele tem 9 anos) eu ainda conseguia ter o hábito de imprimir algumas fotos. Ele tem dois ou três álbuns completos. Ufa! Eu pensava. Se eu perder os arquivos, tenho elas em papel aqui guardadinhas. Rafa, que nasceu uns anos depois, (está com 6 anos agora), tem bem menos fotos impressas. O hábito foi sumindo, deixado de lado, muitas e muitas fotos se acumularam e parar para escolher quais imprimir se tornou um trabalho para depois.
O problema é que o depois foi passando e nunca chegou. A noite eu vejo. No final de semana consigo. Nas férias com certeza terei tempo para isso. Os anos passaram e o tal tempo não apareceu.
Nesse meio tempo eu escutava várias histórias de amigos e conhecidos dizendo que o computador deu pau, que o HD externo queimou, que o pen drive sumiu, que o PC foi roubado e com eles sempre a lamentação de que as fotos (aquelas que contam a história da família) sumiram num passe de mágica. E todas as vezes que eu escutava essas histórias sentia um frio na barriga e dizia pra mim mesma "Eu preciso organizar minhas fotos". Mas, o tempo passava e tudo continuava na mesma.
Aqui em casa temos dois HD´s externos. Mas como uma perfeita sagitariana imperfeita nunca consegui sequer fazer duas cópias iguais nos dois. Em alguns estão umas fotos. No outro, outras. Conclusão: se um deles queimar eu vou perder fotos de qualquer jeito. Mas também nunca consegui excluir as fotos do notebook. Ufa, pensava, estou segura de certo modo.
Só pensei. Semana passada, dias antes do Rafa fazer aniversário o computador travou. Morreu. Não ligava de jeito nenhum. Levamos para assistência técnica. E, embora seja meu instrumento de trabalho, o que mais me preocupava era justamente a pasta Imagens... ah, as fotos, elas não saiam da minha cabeça.
Álbuns |
Uma semana depois. Depois de longos dias de angustia e tentativas não teve jeito. Do outro lado da linha a voz da atendente da assistência técnica veio como uma flecha no peito: Dona Adriana não teve jeito, tivemos que trocar o HD e não conseguimos recuperar as fotografias. Que droga, pensei. Mas ainda tinha um fio de esperança, afinal eu tenho dois HD´s externos. Nem tudo estava perdido. Ufa! Sim, nem tudo, não fosse o fato de eu ser sagitariana e não conseguir por motivos mais fortes do que eu ser uma pessoa organizada. Recuperei muita foto. Pelo menos os meninos saberão como eles eram quando bebês! Mas, perdi muita foto bacana do último ano. Da nossa última viagem de férias para Santa Catarina, da festa de aniversário do Rafa de 5 anos, das festinhas em família, das apresentações na escola. Enfim, 2015 foi praticamente apagado de nossa memória fotográfica. Salvo algumas poucas exceções que foram salvas no Instagram, Facebook e whats app dos amigos.
Aí, nesse momento, repito exatamente a frase de abertura desse texto. Eu sabia que um dia isso poderia acontecer. Talvez por isso a dor (e a raiva!) seja tão grande agora.
Como medida imediata (e de desespero e, de certa forma, de punição) já comprei dois desses álbuns que a gente monta online. E estou parecendo detetive à caça de fotos por ai. E tentando digerir tudo isso. Porque sei que o mundo não acabou, ninguém morreu e tem coisa muito mais importante para se preocupar na vida. Mas mesmo assim, o que passou passou...
Portanto se você chegou até aqui faça backups das suas fotografias, monte álbuns de fotografia, salve as fotos em álbuns virtuais, drop box, google, blog ou seja lá o que for. Mas não confie em um lugar só. A menos que você não faça questão de guardar suas lembranças.
Ah, outra conclusão: Preciso agendar uma nova viagem para Santa Catarina, voltar ao Beto Carreiro e Balneário Camburiu. Os registros da viagem do ano passado ficarão na memória. Mas já que foi tão bom não custa usar desse pretexto para repetir a dose, não? Afinal bom humor é tudo nessa hora!
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