Janeiro de 2009. Matheus, 2 anos e meio vai pra escola pela primeira vez. A tensão era grande, já que o pequeno dizia constantemente que NÃO queria ir pra escola. De outubro, quando fizemos a matricula, até janeiro, foram três meses de muita conversa, muita persuasão, muito convencimento. Mas o pequeno era teimoso, decidido, não se convencia fácil. Pensar no primeiro dia de aula se tornou quase um sofrimento para a família toda. Mas, crianças são imprevisíveis. E o que pensávamos que seria uma catástrofe, se transformou num dia inacreditavelmente feliz. Matheus, pra surpresa de todos, entrou na escola, deu tchau para os pais e foi, feliz, de encontro com uma nova fase de sua vida. E os pais? Ficamos, eu e Reginaldo, com cara de bobos, afinal ele passou três meses dizendo que NÃO queria ir pra escola.
Mas, claro, que não foi sempre assim. Passada a primeira semana de adaptação e quando já tínhamos a certeza de que ele estaria bem na escola, o moleque resolveu se rebelar. Surpresa de novo! Como assim, depois de uma semana não quer mais ir pra escola? Sim. A novidade já tinha passado. A rotina, as obrigações, as novas descobertas (que nem sempre são prazerosas) fez o menino sentir medo. Queria a mãe. Queria a vó. E começou a chorar. Diria que a segunda semana do Matheus foi a mais difícil. Mudei de horário no trabalho, pois a vó não aguentava lidar com o sofrimento do neto. E olha, que ele sabia sofrer... chorava até não poder mais. Mas passou, como tudo passa nessa vida. E o menininho aprendeu a amar a escola e reclamar que as férias eram longas demais, que queria os amigos, a professora, os brinquedos e brincadeiras que fazia no "Tibá"... Sim, ele não conseguia falar Jequitibá, o nome do colégio, mas o Tibá já morava no seu coração.
Passados cinco anos, cá estou novamente passando pela mesma situação. Como mãe de segunda viagem, confesso, que dessa vez o "sofrimento" (mãe adora, sofrer!) está menor. Se na época do Matheus, sofri por 3 meses, dessa vez a "ficha caiu" há uma semana. O filho é outro e a situação é outra. Rafa nasceu com um irmão indo pra escola. E seu irmão é seu ídolo! Rafinha pede pra ir pra escola há quase um ano. Por algumas razões, seu desejo não foi atendido de imediato, mas agora ele vai. Está todo feliz. Ansioso! Fala que vai pra escola como se tivesse indo pra um buffet infantil. Conhece alguns futuros amigos de sala, conhece o colégio, afinal, frequenta aquele espaço desde que nasceu, mas como visitante. Agora, ele terá o seu espaço lá dentro. Será um aluno! E está todo orgulhoso por isso. Curtiu comprar os materiais, vez ou outra, mexe no estojo, pede um papel, diz que está fazendo uma lição. Conta pra todo mundo que vai ter uma professora, que vai tomar lanche na escola, que vai brincar muito. Está radiante!
Claro, que o coração da mãe ficou apertado. Não por que ele vai pra escola, afinal, está mais do que na hora. Meu pequeno tem 3 anos e meio, o que para os padrões de hoje é quase o limite do "ingressar na escola". Uma loucura pensar que fui aos 6! Meus irmãos, aos 7 anos! Praticamente anciãos indo pra pré escola! É... os tempos mudaram...
Rafa é do tipo independente. Gosta de ter autonomia e se espelha no irmão mais velho pra conseguir a se virar. A influência do irmão faz o pequeno jogar jogos de tabuleiro destinados a crianças bem mais velhas, afinal são os brinquedos que ele tem acesso desde pequeno. Circula entre os amigos "grandes" (explico: os amigos do Matheus!) com muita naturalidade e com isso acompanha os maiores nas brincadeiras (e olha, que os maiores tem uma paciência de Jó com ele...). Mas apesar de tudo isso, Rafinha é um menino de 3 anos! Um bebezão! Que fica magoado quando alguém o ofende, que chora, muitas vezes, quando não consegue alcançar o seu objetivo, que nem sempre consegue sair de alguma "saia justa". E nisso, eu sei, a escola vai ser um ponto importante em sua vida.
Certa vez, uma psico pedagoga me disse que acreditava que mais importante do que as disciplinas em si era o contato "mano a mano" que a escola propiciava. Entre os amigos não há proteção, ninguém "passa a mão na cabeça". Criança é, muitas vezes, cruel, direta, fala o que pensa e o que quer. É na escola que aprendemos a sair de situações difíceis, que aprendemos na "marra" a dividir, a lidar com as diferenças, que descobrimos que podemos ser bons em matemática, mas nem tanto em português. Que podemos ser o craque do futebol, mas um caos no judô. Que um dia ganhamos e no outro perdemos. E por mais que tentamos passar esses valores no dia a dia, em casa, é na escola que essa vivência se dá de fato. Dura e crua.
E é por isso que meu coração está apertado nesse momento. Rafinha vai começar uma nova (e longa) fase de sua vida, sua vida escolar! A empolgação dele chega a me assustar. Como disse no início do texto, minha primeira experiência foi de um menino que NÃO queria ir pra escola. Rafinha quer! Rafinha tem sede de novidades, de amigos novos, de novas experiências. Mas não sei o que ele imagina que é de fato a escola. Provavelmente o lugar que ele vê o irmão entrar e fazer tchau pra ele todos os dias, desde que ele nasceu. O lugar onde os amigos do irmão, que ele tanto ama, se reúnem. O lugar que, até no ano passado, ele só entrava em dias de festas e animação. No fundo, ele não sabe ainda o que é a rotina escolar. Que é sim prazerosa, encantadora, um lugar de descobertas incríveis, onde ele fará novos e, quem sabe, grandes amigos, mas também um lugar que tem regras, disciplina, que exige "jogo de cintura". Resta aguardar pra saber como meu pequeno se sairá... Espero que entre feliz hoje pelo portão da escola. E confesso que acho que entrará... mas tomara que na próxima semana a vontade continue a mesma e assim sucessivamente!
Vai Rafinha! 2014 é o seu ano! Mamãe estará sempre te esperando na hora da saída louca por um abraço forte! Te amo, filho! Te amo demais!
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